O SEGREDO DA CABANA NÃO É UM FILME DE TERROR CONVENCIONAL. Na verdade, não acho nem que se trate de um filme de terror de verdade. Cheio de referências aos clássicos do gênero, o grande trunfo da produção escrita por Joss Whedon (Os Vingadores) está na desconstrução das regras veladas do estilo. De maneira eficiente, os clichês são misturados dentro de uma versão sangrenta do BBB.
Cinco amigos (um atleta, uma gostosa burra, uma virgem, um maconheiro, e um aluno dedicado) decidem passar um final de semana na esbórnia completa dentro de uma cabana. Compram bebidas, levam drogas, levam camisinhas, levam música, levam sua libido, enfim, eles são adolescentes e você sabe exatamente o que esperar de personagens tão estereotipados. O passeio vira um pesadelo depois que eles descobrem que libertaram uma estranha força sobrenatural – opa, filme errado -, na verdade, o pau começa a quebrar depois que uma família zumbi passa a arrancar os membros dos cinco heróis.
O roteiro de O Segredo da Cabana brinca com a metalinguagem e faz piada com as convenções do horror. Justamente por isso, o espectador é vítima de uma pegadinha. Parece que está prestes a ver o mesmo filme já assistido inúmeras vezes, mas aos poucos vamos descobrindo que nada é exatamente do jeito que imaginamos. Os personagens são verdadeiras marionetes e são manipulados para dar aquilo que o público está acostumado.
Até mesmo a nudez, que é sempre tão criticada por parte do público (e adorada por outra parte importante), é alvo das piadas do roteiro. Depois de protagonizar um arrepiante combo com um beijo em um lobo empalhado e um (quase) striptease, a bela Anna Hutchison não conseguiu escapar da sina: bastou a namorada do personagem de Chris Hemsworth mostrar os seios para levar uma bela furada. E não pensem que foi boa coisa.
A melhor cena de O Segredo da Cabana é o momento em que os vilões/monstros de tantos filmes de horror dão as caras. Gastando uma enorme quantidade de sangue para fazer jus ao clássico A Morte do Demônio, os sobreviventes descobrem da pior maneira possível que o pior ainda não passou. Toda a sequência é arrepiante e compensa a ausência de sustos em quem achou que iria conferir o “maior filme de horror de 2012”.
Para se ter uma ideia maior do longa-metragem, imagine como seria misturar O Show de Truman com A Morte do Demônio e Sexta-feira 13. Adicione um humor sarcástico e atuações curiosas de Richard Jenkins e Bradley Whitford, e o resultado é o divertido (mas pouco assustador) O Segredo da Cabana. Uma homenagem inesquecível para o gênero. Provavelmente, os cinéfilos irão se deliciar bem mais do que o público interessado em ver apenas um banho de sangue adolescente. E clichê.
Nota:[tres]