La Casa Muda @festivaldorio


Tenho respeito por produtores que apostam em filmes de terror, ainda mais quando fora do domínio norte-americano.

A Casa Muda é um filme uruguaio desse genêro. Foi cultuado em Cannes e colocou o Uruguai em alta, um feito admirável, por um filme que originou críticas e sucesso.

Baseado em fatos reais, A Casa Muda conta a história de um pai e sua filha que aceitam o trabalho de reformar uma casa de campo para um amigo que pretende vende-la.
Durante a noite que passam lá, sons estranhos os acordam e de repente o terror começa.

O tal fato real da história foi um crime ocorrido na década de 40 no Uruguai, onde 2 operários foram encontrados mutilados e com sinais de tortura, ao lado de fotos dos corpos na tal “casa muda” no campo. Até aí qualquer googlada nos informa, agora, quanto a participação da mujer Laura na história, eu não encontrei nada…

E é nela que a história se foca… e na minha opinião se perde também.

Tenho que ser sincero, até 49 do segundo tempo, eu achei o filme chato.
Entediante e clichê, estão lá todos os apelos de um filme de terror, as marcas de sangue na parede, a menininha fantasma e todos os apelos do “terror infantil” – berços e bonecas em destaque, temos também a batida utilização de espelhos para ficarmos procurando algo em segundo plano, entre outras coisas.
A protagonista me lembrou muito a reporter de REC, para além da semelhança da língua, a blusinha branca de alcinha não me deixava esquecer de Angela “Filme tudo Pablo, por tu puta madre!” Vidal.

Porém o filme não é um sucesso de crítica a toa!
A execução do filme é excelente. Divulgado como película filmada em um único plano-sequência de 78 min e com orçamento de 6 mil doláres, o filme aproveita poucos focos de luz para causar uma atmosfera sinistra e consegue transportar a sensação de estarmos vivenciando realmente a cena, como se estivessemos dentro da Casa com Laura e seu pai. Essa situação é totalmente excelente para o filme, nos causa um pouco de desorientação e auxilia no terror psicológico, apresentado pelos elementos que atiçam a curiosidade sobre o que houve na casa.
Como disse o diretor: “É um filme experimental, mas contado em uma linguagem cinematográfica muito clássica” que ele tem a consciência só foi para Cannes devido a esse esforço.

O final do filme me surpreendeu. E até para quem bocejava durante a sessão, vimos expressões tranquilas de quem não achava mais que havia desperdiçado seu dinheirinho. Mesmo sendo um final que cabe interpretações e deixa pontas soltas.
Não é um filme que renda uma continuação, mas que certamente marcou o gênero e nos surpreende positivamente, apesar de tudo, por ter qualidade e por sua origem latina. Ótimo exemplo para nós, se um dia quisermos fazer um filme de terror.

Ficha Técnica:
Nome Original: La Casa Muda // The Silent House

Diretor:
Gustavo Hernández

Elenco:
Gustavo Alonso
Florencia Colucci
Abel Tripaldi
María Salazar