Lembro de ter visto o primeiro Jogos Mortais e de ter me desesperado muito. A idéia do filme – que, como o Wonka falou, não é de todo original – chamou a atenção de muita gente, e perturbou muitas outras. Por mais interessante que soasse, não conseguia assistir à tamanha tortura e permanecer “quieta”. Ignorei os outros lançamentos até ano passado, quando, então, o querido chefe 2T me intimou a ver todos os filmes para assistirmos à estréia de Jogos Mortais V.
Me senti como o Alex de Laranja Mecânica, sendo testada (e não estou exagerando). Não conseguia aceitar Jigsaw em minha vida, sua obsessão em fazer as pessoas merecerem a vida que têm. Até entender o propósito da história. Os filmes vão se completando, um após o outro, e, ou você é fisgado no início, ou você assiste a todos para finalmente se ver tomado pela narrativa. Ou você simplesmente finge que o Jigsaw não existe, e que isso não passa de um filme de terror barato, e que ainda por cima copiou a brilhante idéia de Seven.
De todos até agora, o II certamente é o melhor. Apesar da majestosa introdução que o primeiro filme faz, muitas perguntas ficam no ar – e essa é uma das sacadas da franquia, deixar sempre mais perguntas do que respostas –: quem é a brilhante mente por trás dessas engenhocas? O que o motiva? O que o faz pensar que isso não é errado? Afinal, ele só quer despertar o instinto básico de todos os animais, aquele que está adormecido no homem, a sobrevivência. Depois dos primeiros casos, os detetives Matthews e Kerry são chamados para o que parece ser mais um ato de Jigsaw. Quando as coisas vão para o lado pessoal de Matthews, somos direcionados à uma casa, onde se encontram 10 pessoas que não sabem o que está acontecendo. Amanda, porém, é a única sobrevivente do primeiro jogo, e entende bem que todos têm que seguir as regras. A situação vai se agravando quando o jogo pela sobrevivência tem seus participantes diminuídos a cada rodada, enquanto, paralelamente, o detetive Matthews se encontra cara a cara com Jigsaw, numa pressão psicológica de deixar qualquer um à beira de um colapso.
O bom de Jogos Mortais são as incríveis surpresas que são preparadas para o espectador ansioso. Se você espera pelas respostas, elas provavelmente aparecerão. Só não tenha certeza de que você quer mesmo saber. Por um final surpreendente – mas também pela forma com que o filme te prende, com um motivo consistente, com o fato de você se imaginar no jogo e morrer de pavor, e por deixar você acordado, pensando qual será o próximo passo –, considero Jogos Mortais II o melhor da franquia. Não é nada pessoal. Jigsaw quer apenas te libertar.
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