Certos filmes não tem o menor compromisso em se explicarem. O diretor deve achar mais divertido deixar o público imaginar o que quiser para justificar aqueles acontecimentos sem noção. É bem verdade que o mistério e o inexplicável são eficazes quando se trata de impressionar, mas é complicado pensar dessa maneira e ignorar quando o desfecho é simplesmente surreal.
No terror francês A Invasora, tudo se desenrola com uma “facilidade” duvidosa e intrigante. Uma mulher grávida sofre um acidente e perde o marido. Quatro meses depois, ela está prestes a dar a luz para a criança e tem a casa invadida por uma misteriosa mulher fumante. A invasora do título (que até então eu jurava que se tratava de mais um longa-metragem sobre um feto demoníaco) passa a atormentar e agredir a mulher e seus motivos permanecem obscuros por boa parte do filme. Pelo menos eles existem. Podia ser pior…
Como normalmente acontece em filmes de terror europeus, o sangue é presença constante e o suco de groselha não foi economizado durante boa parte de A Invasora. Ao contrário de exemplares como Frontieres ou Martyrs, a violência da produção é mais amena (se é que é possível dizer isso) e no fundo, A Invasora é um suspense dramático sobre a ligação entre mães e filhos. Porém ele acaba sendo vendido como terror, já que possui várias cenas de violência extrema (e olha que eu falei que esse filme era mais tranquilo) que nos deixam com um aperto na garganta.
Longe de ser assustador e bem mais próximo de apenas incomodar o espectador, A Invasora é dirigido por Alexandre Bustillo e Julien Maury e estrelado pela interessante Alysson Paradis. Com a quantidade de “sangue” usado, nós do Cinema de Buteco poderíamos preparar diversas doses de algum drink delicioso acompanhado de um pouco de vodka, mas A Invasora só merece duas pequenas doses de caipirinha.