Filme: Verão do Medo (1978)

Verao do Medo Critica

WES CRAVEN DIRIGIU UM FILME PARA TV EM 1978 e ao contrário do que poderíamos imaginar, Verão do Medo (Summer of Fear/Stranger in Our House) figura facilmente no hall de grandes trabalhos do cineasta. Ainda que tenha seus defeitos e seja uma produção datada, consegue causar arrepios nos telespectadores e fãs da obra de Craven.

A trama é bem simples: após a morte de seus pais, uma adolescente vai morar com os tios e transforma a vida da família. Julia desperta a raiva de Rachel (Linda Blair), a filha mais velha do casal, que logo percebe que existe algo muito estranho na prima. O filme vira um confronto do bem contra o mal. De Rachel (representando o que é certo) contra Julia (uma vilã que busca prejudicar qualquer um que possa dificultar a busca de seus interesses).

Um dos maiores atrativos, fora a direção de Craven após realizar um de seus melhores filmes em Quadrilha dos Sádicos, é a presença de Linda Blair no papel principal. A atriz ainda vivia da sombra do sucesso de O Exorcista e em Verão do Medo não é diferente: logo na introdução existem cenas de um acidente de carro com sobreposição da imagem de uma criatura demoníaca que remete diretamente ao clássico do terror dirigido por William Friedkin.

É eficiente o trabalho de Craven no ato 1, quando ele apresenta os personagens e todo o contexto da obra. De cara conhecemos as características de Rachel, que até tenta receber bem a sua prima, mas logo passa a sentir que há algo de muito errado com a garota. A relação familiar perfeita é abalada gradualmente até que Julia consegue fazer os tios se voltarem contra Rachel.

Craven é inteligente ao tratar a desconfiança de Rachel de que Julia é uma bruxa do mal (no pun intended) como parte de uma crise adolescente por ciúmes. Afinal, Rachel havia acabado de perder o namorado para a prima, a atenção dos pais deixou de ser quase que exclusiva para ela, dentre outros detalhes. Ou seja, o roteiro possui detalhes interessantes que merecem ser analisados com um olhar um pouco mais crítico e que ultrapasse o que está na superfície.

Infelizmente, Verão do Medo se encerra de uma maneira absurda em que as pessoas simplesmente se perdoam por terem sido vítimas da bruxaria de uma criatura infeliz. Rachel volta com o namorado, recupera o amor dos pais e tudo fica como se nada tivesse acontecido. Podemos dizer que Craven sofreu do mal de não saber como encerrar o seu filme com a mesma qualidade com que o iniciou, não é mesmo?