Continuação de A Entidade não supera o original, mas garante bons sustos.
EM 2012 CHEGAVA AOS CINEMAS UMA OBRA ASSUSTADORA CHAMADA A ENTIDADE. Com direção de Scott Derrickson, um dos grandes nomes do gênero atualmente, o filme logo garantiu seu lugar nas listas de melhores longas de terror do ano, inclusive no Cinema de Buteco. Como ele foi bem nas bilheterias e possui uma fórmula que pode se repetir inúmeras vezes em continuações, os executivos de Hollywood não demoraram muito para lançar uma sequência. Infelizmente, A Entidade 2 (Sinister 2, 2015), de Ciaran Foy, é decepcionante.
É curioso lembrar (e até me desculpar por não ter falado disso no videocast que você confere logo abaixo) que Foy apareceu na lista de melhores filmes de terror de 2012 com Citadel, com uma arrepiante história de umas crianças demoníacas. Ou seja, o diretor já está bem experiente quando se trata de falar de jovens possuídos. Ao contrário do que apresenta em Citadel, em A Entidade 2 são poucos os momentos construídos para assustar de verdade. Os cinéfilos são obrigados a se contentar com sustos previsíveis – mas que funcionam ainda assim.
Após os eventos de A Entidade, o agora ex-delegado vivido por James Ransone começa a investigar o sobrenatural por conta própria e se depara com uma família vivendo em uma das casas em que aconteceram algumas das mortes filmadas pelo Bagul, o bicho-papão que mais parece um integrante perdido do Slipknot.
O chato de A Entidade 2 é que o primeiro filme é muito legal para ser superado. Sobrenatural, de James Wan, conseguiu uma continuação tão boa quanto, mas muito se deve a permanência do diretor. Derrickson estava ocupado com outros projetos e acabou participando apenas do roteiro efetivamente. Foy até faz um trabalho competente (como na sequência em que o ex-delegado caminha pela igreja abandonada e começa a ver as sombras das crianças usando a sua lanterna), mas a verdade é que o próprio roteiro acaba gasto e sem ter muito o que acrescentar além do que já foi visto. E é irônico dizer isso, afinal de contas a premissa de A Entidade permite muitos outros filmes, afinal os personagens estão lá assistindo vídeos de crimes que já aconteceram anteriormente. Aliás, essa ideia toda me faz pensar imediatamente na antologia V/H/S.
Os irmãos Dylan e Zach Collins (muito bem interpretados por Robert Daniel Sloan e Dartanian Sloan, respectivamente) chamam a atenção. Numa sacada legal do roteiro, existe uma manipulação bem construída que leva os irmãos a serem dominados pelos espíritos malignos das vítimas de Bagul. Mas ainda que seja um detalhe que demonstre uma pretensão maior dos roteiristas, a verdade é que não passa realmente de um mero detalhe pequeno demais para fazer a diferença no resultado final da obra.
A Entidade 2 está longe de ser ruim, mas é inferior ao original no quesito de dar medo e nos fazer dormir de luzes acesas por semanas. Num ano em que o gênero parece sofrer com a falta de grandes obras (as exceções são Unfriended e A Corrente do Mal), a obra dirigida por Ciaran Foy se garante apenas como uma opção e não uma obrigação para os amantes do cinema de horror.