O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de O Despertar dos Mortos possui spoilers e se você não viu o filme ainda… oh, boy!
COMPARANDO O DESPERTAR DOS MORTOS COM MADRUGADA DOS MORTOS TEMOS MUITAS DIFERENÇAS. O longa-metragem de Zack Snyder faz uma bela homenagem inspirada na obra de George Romero, mas que toma certas liberdades e praticamente se torna algo totalmente diferente.
Nos minutos iniciais temos os bastidores de um programa de TV transmitindo uma discussão sobre os zumbis e apresentando informações de estações de segurança. O grande problema é que a maioria dessas estações já estão inoperantes e levar o público para elas poderia significar a morte de alguém. Enquanto uma única funcionária se revolta contra isso, os diretores do canal despirocam e começam a brigar. “Sem mostrar o endereço das estações, ninguém vai nos assistir. Não importa se estão inoperantes. Mostre as estações!”.
Logo após a introdução do casal principal, conhecemos os dois policiais que se sentem enojados após massacrarem os zumbis dentro de um prédio. Pensando que o mundo está perdido e que a melhor solução é cair fora, a dupla dá um jeito de fugir e pega um helicóptero com o casal.
Romero não faz tanta questão de criar conexões convincentes. O que importa é discutir o comportamento negativo e como determinadas pessoas realmente parecem agir como se estivessem mortas, tamanha a falta de caso e sensibilidade com as outras.
Além da briga pela audiência, racismo, violência e opressão policial, também temos a demonstração dos caipiras com a oportunidade de poder atirar em outras pessoas sem necessariamente precisar responder por um crime. É a desforra do “gringo do bem”, que agora pode caçar negros, gays, mulheres ou quem bem entenderem.
Muito se fala sobre a crítica ao consumismo presente em O Despertar dos Mortos. OK. Claro que é interessante pensar que os sobreviventes se refugiam num shopping, ao mesmo tempo em que milhares de zumbis caminham para o mesmo lugar por “ser um local importante em suas vidas”. Podemos fazer um paralelo que a vida humana presente no shopping é o que atrai os mortos, o que seria uma metáfora curiosa. A fome deles seria igual ao nosso desejo de comprar e consumir.
Dez anos após A Noite dos Mortos-Vivos, Romero decide transformar um pouco do conceito presente no seu original. Além de não explicar a origem dos mortos, temos um belo trabalho de maquiagem. Ainda que a cor azulada dos zumbis seja um tanto esquisita, a gente acaba comprando a ideia e aceitando a nova condição dos mortos.
O Despertar dos Mortos é um belo exemplar do subgênero zumbi e justamente considerado por muitos especialistas como a obra prima de George Romero. Apesar de preferir A Noite dos Mortos-vivos, acredito que existem mensagens fortes em O Despertar dos Mortos que ajudam a criar toda essa fama e justificam todos os elogios.
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