Crítica: Sorria (2022)

Em seu primeiro longa-metragem, o cineasta Parker Finn teve alguns acertos, porém muitos erros. É estranha a sensação depois de assistir a Sorria. Parece que, por alguns minutos, a gente não consegue definir muito bem as nossas impressões sobre o filme. Isso acontece porque ele começa razoavelmente bem, mas ao longo de 115 minutos, a história perde força e tudo vira um emaranhado de situações para assustar o público.

Rose Cotter (Sosie Bacon, da minissérie Mare of Easttown) é uma psicoterapeuta competente que testemunha um suicídio. Antes de se matar, a paciente diz que vê pessoas sorrindo. Com ecos de O Chamado e Corrente do Mal, Rose descobre que esse comportamento é passado quando alguém se mata na frente de outra pessoa, logo, ela está “contaminada”. Rose precisa, então, encontrar um padrão nessa “contaminação” para chegar a uma maneira de impedir que isso continue.

Um grande trauma da protagonista é lembrado, porém explorado de maneira pouco eficiente e parece que foi inserido somente para cumprir o protocolo de tornar o filme ainda mais óbvio. O suicídio da mãe, quando Rose ainda era criança, se torna uma desculpa para que todos ao seu redor a desacreditem e a explicação para essa  morte se torna algo muito grande desnecessariamente.

A psicoterapeuta é a personagem clássica que tem uma vida que segue muito bem, apesar do trauma do passado, até que um episódio tira tudo dos eixos. Ela vive em uma casa grande e confortável com o noivo, Trevor (Jessie T. Usher, da série The Boys), que a ama e a apoia, e tenta manter uma boa relação com a irmã, a quem ela vê como fútil e com questões menores do que a dela.

Enquanto isso, a sua relação com o policial Joel (Kyle Gallner, da série Interrogation) não tem a origem esclarecida e não é aprofundada. Dá a entender que eles tiveram algo, mas o ressentimento não é explicado, o que torna as ações de ambos um pouco confusas. É como se Joel só existisse para que Rose pudesse ter informações privilegiadas.

O terceiro ato, apesar de ser o mais sofrível e quando tudo se torna uma salada, tem momentos realmente assustadores e mostra que a direção de Finn está sendo moldada. É como se Sorria fosse um laboratório para o que o diretor pode vir a entregar no futuro.Com todos esses elementos, Sorria, distribuído pela Paramount, se torna um filme bem óbvio. Seus jumpscares são manjados e é como se a gente já conhecesse o filme que está sendo exibido na tela. O que seria uma surpresa para a narrativa é o que é perdido ao longo da história, gerando um desperdício de potencial.