CLÁSSICO DO FINAL DOS ANOS 80, O Brinquedo Assassino foi lançado para ser o meio termo entre o terror desmiolado da série Sexta-feira 13 e o humor negro ácido de A Hora do Pesadelo.
Eu vejo bonecos falantes, mamãe.
Vale ressaltar o quanto a série foi desperdiçada ao longo dos anos. O primeiro filme era incrível, mas infelizmente os produtores resolveram apelar para o humor e deu no que deu.
A primeira impressão era realmente boa: “Uau, um filme sobre um estrangulador macumbeiro que resolve colocar o seu corpo dentro de um boneco infantil e resolve matar todo mundo que aparece pelo caminho.”, mas “como lidar” com esse filme mais de vinte anos depois de seu lançamento?
A simples intenção de sentar na poltrona, pegar uma cerveja, preparar a pipoca e se preparar para assistir um filme de “terror” com um boneco assassino, diz muito sobre uma pessoa. Você levaria esse cara para conhecer os seus pais? Acho que não, mas é preciso dizer que escrever para o Cinema de Buteco requer muita dedicação e desapego com o que os outros irão dizer. Geralmente vale a pena trocar a cerveja (Heineken, por favor) por uma boa dose de caipirinha ou daquela bebida azul que te faz enxergar fadas verdes ou qualquer coisa forte o suficiente para você simplesmente não desistir de ser o responsável por falar desses tipos de filmes.
Brinquedo Assassino diverte e te faz rir. Em breve teremos texto sobre A Noiva do Chucky, que é um dos filmes de “terrir” mais engraçados que já assisti. O Chucky é um boneco cruel e que consegue arrancar risadas por conta dos seus comentários agressivos e sarcásticos. Sabem aquele vídeo do filme do Pelé? Pois é. Se uma vítima perguntasse para o Chucky se ele era um boneco, provavelmente ouviria algo como “Não, sou o Michael Jackson, sua vadia”. E o público é a principal vítima do personagem, pois não tem como evitar se apaixonar pelo ruivinho de plástico que é a versão assassina do moleque de O Pestinha.
Ouso dizer que sou completamente a favor dos produtores investirem em um remake de franquia. Mesmo sabendo que destruiriam todo o charme do filme original, pelo menos o público não teria o desprazer de aguentar as péssimas performances dos atores. Sério. Quem foi o cara que disse que Chris Sarandon tem sex-appeal para ser protagonista de alguma coisa? Eu tenho mais medo dele do que do Chucky. O cara é péssimo, de verdade, é um dos piores atores que já vi no cinema. Os diálogos são fracos e a culpa é do roteiro, mas isso não justifica a forma como Catherine Hicks cospe suas falas. A sensação que temos é que Brinquedo Assassino foi filmado por um bando de estudantes de cinema que chamaram os atores mais fodidos do mercado e falaram que eles podiam agir como se estivessem num teatro de escola. Talvez seja esse um dos motivos de identificação com o vilão: os “mocinhos” são tão chatos que todos merecem morrer e sair logo de cena.
Mas a tortura maior do filme não é querer enfiar dois dedos nos olhos e entupir os ouvidos com a pipoca (e comer depois, para tentar ter algo para se distrair). Raramente eu ataco atores-mirins, mas puta que pariu no moleque que interpreta a criança que é presenteada com o boneco-assassino-que-quer-ter-um-novo-melhor-amigo-e-colocar-a-sua-alma-nele. E para quem pensava que o ator Alex Vincent tinha sido assassinado pelo boneco inflável, opa, de plástico da franquia, uma surpresa: sei lá se ele ficou em rehab ou terapia nos últimos vinte anos, mas o cara estará em um filme chamado On the Ropes. Do jeito que as coisas são, se Hollywood arriscar contar a trama de Brinquedo Assassino de novo, ele ficará com o papel do Sarandon só para manter o nível de “excelência” da coisa.
Um filme inesquecível e extremamente recomendado para ser visto com grupos de amigos, de preferência depois de tomarem mais bebidas do que deveriam. Diversão garantida.
Child`s Play, 1988
Direção: Tom Holland
Roteiro: Don Mancini
Elenco: Chris Sarandon, Catherine Hicks
(não achei o trailer, fica a risada mesmo)