CERTOS FILMES CAUSAM BLOQUEIOS. Temos bloqueios para falar, (principalmente) escrever e até mesmo para lembrar das tramas. O último exemplo costuma acontecer quando o filme é tão ruim que você prefere apagar de sua memória. Infelizmente Apollo 18 faz parte desse infeliz grupo causador de amnésia seletiva, mas felizmente (?) conservei os detalhes que renderam esse breve comentário. Espero que vocês tenham aceitado a opinião anterior (publicada pelo Joubert, na ocasião de estreia) e fugiram da produção. Mas sei que existem pessoas destemidas que gostam de tomar mais uma taça de vinho, mesmo quando todos seus instintos dizem para não fazer, e que provavelmente acabaram decidindo experimentar a sensação de ser levado para explorar a lua no cinema.
A impressão é que os responsáveis por Apollo 18 não foram capazes de se conter com referências óbvias ao clássico sci–fi Alien, O Oitavo Passageiro. Além do roteiro ser a dramatização completa do slogan original do filme de Ridley Scott (“No espaço ninguém irá ouvir os seus gritos”), ainda tem a audácia de “homenagear” uma das principais cenas da franquia (e também da história do cinema). Como cinéfilo, o conceito dessa mistura entre Alien com Atividade Paranormal e A Bruxa de Blair é bem interessante, mas o resultado fica muito abaixo da média e consegue ser pior que Atividade Paranormal 2, o que é um esforço considerável para entrar na nossa seleção de piores filmes de 2011.
Como revelei na primeira linha, continuo sofrendo um certo bloqueio. Talvez seja efeito colateral de tantas festas no final do ano. Esqueci o nome dos personagens, mas sinceramente? Que diferença faz saber o nome dos três desafortunados astronautas que se fodem no espaço? É importante salientar a eficácia da atuação da dupla que se fode mais. Os dois atores convencem com pequenos detalhes, como bater a cabeça no teto da nave e dizer: “Toda vez…”, mas se encontram perdidos na hora de tentar contornar o roteiro. Aliás, a pergunta que não quer calar: os “invasores” resolveram se juntar em forma de meteorito para bancar o sedex espacial e entregar as filmagens para a NASA? Porque, na boa, como é que as fitas foram encontradas? É mais fácil acreditar que o homem realmente visitou a lua.
Fraco tecnicamente e também no sentido de divertir o espectador, Apollo 18 acaba decepcionando. Claro que ele rende um ou outro susto, mas é muito pouco para uma produção que sugou tantas referências de filmes tão interessantes e superiores. Você sente que o filme pode engrenar a qualquer momento, mas ele simplesmente se apoia na suposta reação de tensão do público, o que é facilitado pelo estilo documentário, que querendo ou não, nos dá a impressão de que aquilo aconteceu e verdade e que 2012, de Roland Emmerich, não era uma bobagem completa e o nosso planeta está na linha do Melancolia ou dos invasores aracnídeos de Apollo 18.
Meus amigos, bebam enquanto ainda podem. Com a meia caipirinha desse filme, irá sobre sobrar cachaça e limão o suficientes para todos nós. Pelo menos até a próxima lista de filmes ruins do ano. Espero que tenham gostado e que NÃO tenham visto metade desses filmes…