A Última Casa da Rua

CONFESSO QUE SÓ QUIS ASSISTIR A ÚLTIMA CASA DA RUA POR CONTA DA JENNIFER LAWRENCE. Mas vamos combinar? Com uma premissa tão batida, fica difícil até para os fãs do gênero horror terem alguma vontade de perder tempo. A nova musa da última semana em Hollywood pelo menos garante o efeito colírio. Quem acompanha filmes de terror sabe que um filme desprovido do efeito colírio é pior do que a ideia de tomar uma cerveja quente.

Jovem garota mimada (Lawrence) e com mania de se relacionar apenas com os tipos errados de meninos se muda para uma casa nova com a mãe (Elisabeth Shue). Depois de fazer amizade com os vizinhos, Elissa descobre que um crime horrendo aconteceu na casa que fica mais próxima da sua e acaba se envolvendo com o tímido Ryan (o péssimo Max Thieriot), cujos pais foram assassinados pela irmã.


Filmes de terror precisam assustar. Ou pelo menos seduzir o espectador ao ponto dele querer entrar na história e sentir a tensão daqueles personagens. A Última Casa da Rua já começa com uma premissa complicada: uma jovem matando seus pais em casa. Dá para perder a conta de quantas vezes já assistimos coisas semelhantes (até mesmo fora da ficção). O roteiro de David Loucka até tenta desenvolver um pouco da relação entre Elissa e Ryan, mas fracassa. Talvez a culpa maior seja do ator, que particularmente eu não gosto: Thieriot não consegue convencer e mantém os mesmos gestos de seu personagem em A Sétima Alma, de Wes Craven.

O romance de Ryan e Elissa dá vontade de enfiar os dedos nos olhos e rodar até ter lágrimas o suficiente para fazer um drink diferente. É brega, é adolescente demais, é bobinho demais e quando você acha que irá ver alguma coisa para maiores de 18 anos, a cena é interrompida por uma das tentativas do diretor em criar tensão. Pouco antes desse momento em especial, Elissa fica próxima de descobrir o terrível segredo do seu vizinho, mas escapa por pouco. A sequência inteira demonstra a falta de noção de espaço da câmera, já que seria improvável que todos os acontecimentos passassem batidos para os outros personagens.

Como se não bastassem todos os defeitos, ainda tentam dar um arco dramático maior para o pobre Ryan, em uma referência ao clássico Psicose. Se fosse um outro ator, quem sabe? Mas com um sujeito com menos expressões que a combinação macabra de Murilo Benício e Robert Pattinson fica realmente complicado ter esperança de sucesso.

A Última Casa da Rua depende demais de Lawrence, que por mais talentosa que seja não parece fazer muito esforço para que o filme seja levado a sério. Mesmo assim é a atriz que salva a produção de um fiasco completo. Incapaz de aproveitar a guinada (previsível) do roteiro, a produção logo será apenas mais uma daquelas novidades que você costuma ir assistir apenas para ter a desculpa de dar uns bons amassos no cinema. 

Nota:[duas]