Com várias referências ao Brasil, A Pele Que Habito conta a história de Robert Ledgard (Banderas à lá Doctor Ray), um cirurgião plástico renomado, que acaba de inventar um tipo de pele sintética para pessoas que sofreram queimaduras severas. Se esse fosse o enredo principal do filme, Almodóvar teria caído na cilada hollywoodiana dos blockbusters e o filme seria mais um filme de ficção bobo ou aquele dramalhão do herói tentando validar seu experimento e fazer com que o comitê de ética o aceite e mimimis. Mas justamente por não ser o principal, o filme acaba tendo um quê de ficção, um quê de drama e o mais importante, um quê de thriller. Robert na verdade começa a desenvolver essa pele na tentativa de salvar sua mulher que tem o corpo queimado num acidente de carro. Posteriormente, essa pele assume um papel importante na vingança de Robert contra Vicente/Vera (Jan Cornet/Elena Anaya).
A fragilidade do corpo, da pele, que sofre com a intensidade e violência da vingança e do mundo, é a questão que é tocada de forma sutil, porém pontual. Robert tenta criar uma pele mais resistente, e ao mesmo tempo testa a todo custo as “resistências” dessa pele, desse corpo, desse indivíduo. E ao mesmo tempo também testa suas próprias resistências, a ponto que mistura vingança com paixão. Pensando assim pode-se dizer que é um filme de limites, tanto para os personagens quanto pra quem o assiste, porque em alguns momentos fica difícil tolerar que seja aquilo mesmo que está acontecendo. Mas é um filme que instiga. Vale umas 4 caipirinhas fácil.
Nome Original: La Piel Que Habito
Direção: Pedro Almodóvar
Produção: Augustín Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Elenco: Antonio Banderas (Entrevista com o Vampiro)
Elena Anaya (Fale Com Ela)
Marisa Paredes (Tudo Sobre Minha Mãe)
Jan Cornet
Roberto Álamo
Lançamento: Out/2011