VAMOS TENTAR SER JUSTOS: Harry Potter demandava muito talento de seu protagonista Daniel Radcliffe? Sim e não. Por mais que eu seja um fã maluco da saga criada por J.K. Rowling (Deus, quase escrevi Stephenie Meyer. Alguém tire o laptop de mim) e fique evidente que Radcliffe e seus companheiros tiveram que evoluir profissionalmente para dar conta da profundidade de seus personagens, não era nada demais. Claro que vale elogiar a intenção de Radcliffe em se superar e mostrar seu valor, como na polêmica peça teatral em que ele ficava de bunda de fora, mas o mesmo não vale para o horroroso A Mulher de Preto.
Jovem advogado viaja para um pequeno vilarejo e descobre que os habitantes do lugar estão enfrentando um problema paranormal com o fantasma inquieto de uma velha senhora caquética e que tinha o gosto pela cor preta. Como Bill Murray só nasceria muitos anos anos depois e não existia nenhuma outra instituição semelhante aos Caça-Fantasmas ou descendentes do Padre Merrin (O Exorcista), sobrou para um advogado fazer o trabalho de limpeza.
A caracterização de Harry Potter, opa, Radcliffe como um jovem advogado da época em que existia a lenda de um cavaleiro sem cabeça é até interessante, mas não convence o público. Na verdade, o ator é incapaz de transmitir qualquer sensação forte o suficiente para fazer com que o espectador acredite no seu drama e sofrimento. É visível o seu cansaço, mas na hora das lágrimas chega a ser risível. Longe de dizer que a culpa é completamente do protagonista, mas ele certamente não deu conta de sustentar a trama sozinho.
Um fantasma que solta gritos agudos não é nada assustador nos dias de hoje, ainda mais depois de filmes como O Grito ou O Chamado. Aliás, eu tenho sérias dúvidas para saber se algum dia alguém realmente se arrepiou com uma cena de uma entidade demonstrando seus dotes vocais como vocalista rejeitado da banda do inferno. Mais que as lágrimas de Radcliffe, os gemidos do além dão vergonha alheia. Claro que vale o comentário positivo no quesito direção de arte, com um cuidadoso trabalho para criar uma atmosfera envolvente e assustadora na mansão, mas que de nada adianta quando se tem um “inimigo” tão sem graça. A obra inspirada num romance de Susan Hill ainda peca por usar um daqueles desagradáveis finais em que a gente sabe que algo ainda irá acontecer para “atormentar” o personagem. Ou nossa própria paciência.
A Mulher de Preto talvez seja um dos grandes fiascos da temporada 2012, mas nada extremamente desagradável. O terror psicológico pode cativar algumas pessoas, mas para os fãs de filmes do gênero ficou o gosto amargo de uma decepção, o que já era esperado, devido à expectativa criada nos trailers e por ser o primeiro filme de Radcliffe desde o final da franquia Harry Potter. Ele certamente se dava melhor empunhando uma varinha e lidando com os fantasmas de Hogwarts, que por sua vez conseguiam ser mais interessantes que a tal horrorosa de preto que deveria nos assustar.
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