O Cinema de Buteco adverte: a crítica de Transpecos possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação
TRANSPECOS (2016) é um thriller meio western sobre o tráfico de drogas numa fronteira norte-americana. Estrelado por Johnny Simmons, Gabriel Luna e Clifton Collins Jr., com direção de um caboclo que eu nunca ouvi falar chamado Greg Kwedar, mas que deixou um belo cartão de visitas de apresentação.
A trama acompanha esses três agentes policiais trabalhando numa área remota. A coisa começa a dar errado depois que um carro suspeito escapa e as forças da lei entram em conflito para escolher a melhor decisão para tomar nas próximas horas, mesmo que isso custe a vida de todos eles.
Kwedar se demonstra um cineasta eficiente. Mesmo com as limitações financeiras de uma produção de baixo-orçamento, ele consegue mostrar que possui uma visão capaz de empolgar os cinéfilos mais exigentes – sem que isso signifique que seu trabalho é uma obra-prima. Não é. É um longa que funciona mais pela sua mensagem do que narrativa.
Simmons interpreta o jovem Benjamin, que é figura central de todo o desenvolvimento da narrativa. Com uma eterna cara de bebê, é difícil levar o ator à sério. Ainda mais com esse bigodinho safado. Collins Jr., por sua vez, faz uma breve participação como o rabugento e destemido Lou, que é um dos pontos altos de Transpecos. Completando o elenco temos Luna na pele de Lance Flores, o elemento que se fixa entre seus dois parceiros: ao mesmo tempo que não se deixa levar pela corrupção, também não está disposto a deixar que um erro coloque a vida de um homem em risco.
Flores acaba se tornando a grande vítima aqui. Seus princípios o traem e mostram que todos são passíveis de serem seduzidos pelo dinheiro de grandes traficantes. Os minutos finais, depois de toda a luta e tentativa de vingança, mostram que Flores só sobreviveu porque assim quiseram. E não por sorte do destino.
Encerramento com a música “Afraid of Anyone”, do The National, garante o meu respeito e amor pelo resultado do longa-metragem, que é eficiente na missão de deixar o seu espectador ansioso e refletindo sobre o sistema corrupto que vivemos, independente das cores de nossas bandeiras.
Transpecos é um sério candidato a figurar na nossa lista de melhores filmes de suspense de 2017. Ou pelo menos no material de produções que não passaram nos cinemas, mas que merecem uma atenção especial.