Crítica: See No Evil 2 (2014)

O PROBLEMA DAS CONTINUAÇÕES DE FILMES DE TERROR RUINS é que na maioria das vezes não temos a menor vontade (ou paciência) de conferir o resultado depois de uma primeira impressão negativa. No entanto, o ofício da crítica somado com tempo livre e disposição para ver produções realmente duvidosas me fizeram arriscar a sorte com See No Evil 2, das irmãs Jen e Sylvia Soska.

Devo confessar que a produção teve chance comigo apenas pelos créditos na direção. As Soska surpreenderam ano passado com o curioso American Mary (presente na nossa lista de melhores filmes de terror de 2013) e garantiram o meu interesse para acompanhar suas carreiras. Torço para não ser decepcionado com o passar dos anos, já que existe um grande potencial no trabalho da dupla. Com um apetite sádico pelo ambiente em hospitais (tema de American Mary), o roteiro se desenvolve num necrotério exatamente após os eventos do filme original.

(Uma nota pessoal: caso você seja fã do gênero e não tenha visto o primeiro filme, não precisa se preocupar com as chances de não entender a história. See No Evil 2 é extremamente didático e funciona como uma obra única. Os constantes flashbacks são didáticos e ajudam a compreender melhor as motivações do vilão, mas não influenciam em nada na degustação final do filme.)

Kane é um monstro psicopata de mais de dois metros de altura. Após ser dado como morto, vai parar num necrotério. Acontece que no mesmo dia, no mesmo recinto, uma jovem médica está comemorando o seu aniversário com um grupo bem clichê de amigos: o irmão ciumento; a amiga gostosa que é a fim do irmão ciumento; o casal mentalmente instável e com fetiches bizarros; o chefe que tenta ser legal; e, meu favorito, o nerd bobão que é apaixonado pela mocinha. Esse grupinho festeiro achava que seria uma noite como todas as outras, mas logo se descobrem presos com um assassino cruel.

Até aí parece uma sinopse promissora, apesar de não ser nada original ou com potencial de mostrar coisas novas que ninguém tenha visto no gênero. Ou seja, as irmãs Soska tinham que driblar os problemas do lugar comum e buscar agradar fazendo o mais do mesmo. Em partes, elas até conseguem. See No Evil 2 funciona como um terror classe B e possui mais momentos positivos que negativos, mas a falta de lógica deixou de ser um detalhe perdoável nesses roteiros. Kane estava desacordado num necrotério e dificilmente teria capacidade de encontrar tantas correntes espalhadas pelo lugar (e mesmo tempo para conseguir fazer suas peripécias em silêncio). O espectador é obrigado a se esforçar muito para conseguir engolir tais “façanhas” do assassino em prol de uma divertida empreitada (repleta de clichês) do horror.