Ivan Reitman ficou famoso por dirigir Caça Fantasmas, um dos clássicos dos anos 80 (e que por enquanto, ainda não tem uma crítica nas páginas do Cinema de Buteco – mas aposto que esse ano ainda teremos alguns comentários sobre os caçadores de fantasmas mais engraçados do cinema). Não se pode dizer que o diretor conseguiu manter o nível de qualidade e originalidade nos seus projetos seguintes, quando derrapou feio em produções toscas. Cinco anos depois de comandar as cameras em Minha Super Ex-Namorada, o diretor colocou as mãos no roteiro de uma divertida comédia romântica estrelada por Natalie Portman e Ashton Kutcher.
Mesmo se Natalie Portman não aparecesse apenas de calcinha e soutien em diversas cenas, Sexo sem Compromisso seria uma boa opção de cinema para se curtir acompanhado (assim como a Nathy M escreveu em seu texto, na época do lançamento). Talvez esse seja um daqueles filmes românticos moderninhos mais divertidos de 2011. O divertido roteiro de Elizabeth Meriwether oferece personagens “reais”, com medos e inseguranças capazes de causar identificação em qualquer pessoa do mundo. O texto afiado é lotado de piadinhas divertidas, o que somado com o estilo “sessão da tarde” dos filmes de Ivan Reitman, faz a história fluir rapidamente e sem cansar o espectador, que acaba ignorando os previsíveis clichês de parte das comédias românticas.
Falar dos clichês, no caso de Sexo sem Compromisso, não é sinônimo de falta de qualidade. Pelo contrário. Meriwether e Reitman conseguem se aproveitar dos lugares-comuns das comédias românticas e parte disso é graças ao trabalho sempre impecável de Natalie Portman (que sabiamente escolheu gravar dois filmes mais tranquilos – Sexo sem Compromisso e Thor – depois de enfrentar o tenso Cisne Negro). Emma é a reprodução da maioria das mulheres modernas que tentam vender a imagem de seguras, independentes e que se dizem felizes com uma vida solitária. Para manter a pose, a personagem chega até mesmo a bancar a durona quando ganha de presente um disco com diversas músicas para ouvir durante a tpm. Mas assim como costuma acontecer na vida real (pelo menos para pessoas com o mínimo de bom senso), Emma percebe o valor da relação que está abrindo mão e precisa decidir vencer os seus próprios medos em relação a uma vida à dois para não perder o amor de seu p.a. Adam (Ashton Kutcher, que do lado de Natalie Portman consegue ser um excelente ator).
Um filme tranquilo, sem grandes pretensões e que consegue entreter o espectador do princípio ao fim. Independente do seu estado de espírito, se você acabou de passar por uma desilusão amorosa ou está vivendo um novo (velho) romance, a única certeza que Sexo sem Compromisso vai garantir além de uma paixão incondicional pelo trabalho de Natalie Portman, é que ainda é possível acreditar em contos de fadas modernos. Pelo menos no cinema.