review the electric state

Review The Electric State: Quando a Nostalgia Encontra a Preguiça Criativa

POSTER THE ELECTRIC STATEHollywood tem um talento especial para pegar ideias brilhantes e transformá-las em produtos genéricos e inflados. The Electric State, dos irmãos Russo, é um desses casos. Baseado no livro ilustrado de Simon Stålenhag, o filme tenta misturar ficção científica distópica, drama emocional e aventura nostálgica em um só pacote. O resultado? Algo que parece ter sido produzido por um algoritmo com acesso exclusivo a Stranger Things, Jogador Nº 1 e um estoque infinito de efeitos visuais caríssimos.

A história acompanha Michelle (Millie Bobby Brown), uma jovem que vive em um mundo pós-guerra entre humanos e robôs. Quando descobre que a consciência de seu irmão falecido foi transferida para um robô chamado Cosmo, ela parte em uma jornada rumo à temida “Exclusion Zone”, onde os últimos resquícios da inteligência artificial sobrevivem. Para ajudá-la na missão, temos Keats (Chris Pratt), um mercenário com o carisma de quem já interpretou esse papel umas 15 vezes antes. No caminho, eles enfrentam o vilão Ethan Skate (Stanley Tucci), um magnata da tecnologia tão sutil quanto um anúncio de criptomoeda em horário nobre.

A premissa tem potencial, mas a execução é como um jantar sofisticado feito no micro-ondas. The Electric State tenta se vender como uma reflexão profunda sobre a sociedade, mas é só um amontoado de referências recicladas. Quer um exemplo? O vilão comanda um império de realidade virtual viciante que suga a humanidade – algo que já vimos em Matrix, Jogador Nº 1 e em qualquer reunião da Meta. O problema é que o filme não tem coragem de explorar essa ideia com profundidade, preferindo jogá-la na tela como um item decorativo.

E por falar em decorativo, temos Chris Pratt. Ele faz exatamente o que esperamos dele: caminha, faz piadas de tiozão e age como um Han Solo de farmácia. Millie Bobby Brown, por outro lado, se esforça para dar credibilidade à trama e, de fato, entrega alguns momentos convincentes. O problema é que o roteiro não a ajuda, jogando-a em situações emocionais que parecem saídas de um comercial de banco tentando emocionar no Natal.

Os efeitos visuais são impecáveis, disso não há dúvida. O design dos robôs, a ambientação e as cenas de ação são de cair o queixo – até você perceber que isso não compensa a falta de alma do filme. É como assistir a um comercial de carros com um orçamento de 320 milhões de dólares. Tudo brilha, tudo pisca, mas no final, você só quer pegar um Uber e ir para casa.

Se fosse um jogo de videogame, The Electric State seria aquele título com gráficos incríveis e jogabilidade travada. Se fosse um restaurante, seria um daqueles lugares bonitos no Instagram, mas que servem comida sem gosto. E se fosse um álbum de música, seria um daqueles discos superproduzidos, mas esquecíveis. No final das contas, o filme só reforça o problema de muitos blockbusters modernos: eles confundem espetáculo com substância, achando que o público não vai notar a diferença.

O que salva? Algumas boas ideias visuais, o sotaque charmosamente estranho de Stanley Tucci e Jenny Slate dublando um robô de entregas que tem mais personalidade do que metade do elenco humano. No mais, The Electric State é um lembrete de que nem todo orçamento bilionário é sinônimo de um bom filme. Às vezes, menos realmente é mais – e os irmãos Russo parecem ter esquecido essa lição.