No Natal de 1970, os alunos e professores da Barton Academy, um prestigiado internato masculino nos Estados Unidos, se preparam para ir passar as férias com suas famílias. Um dos professores, Paul Hunham (Paul Giamatti), é forçado a ficar no campus para cuidar dos alunos que não vão voltar para suas casas no feriado. Inesperadamente, ele acaba criando um vínculo com um dos alunos e com a gerente da cozinha da escola, que acabou de perder seu filho na guerra do Vietnã. Essa é a trama de Os Rejeitados, nova produção do diretor Alexander Payne, que emociona sem ser clichê, com a medida perfeita de sarcasmo e sensibilidade.
Embalado por uma trilha sonora folk e natalina, que casa perfeitamente com a temática e a fotografia do filme, o público acompanha essa história de amizade improvável entre três pessoas. Esses relacionamentos são construídos com leveza e naturalidade, enquanto fica visível o impacto de cada personagem na vida dos outros. O filme não corre, não tem pressa, mas nunca perde o ritmo nem fica lento em suas mais de duas horas de duração.
Os personagens e as atuações são outro ponto alto. São profundos, multifacetados e cheios de defeitos, assim como seres humanos reais. As atuações e química entre Paul Giamatti, Dominic Sessa (o intérprete do aluno Angus) e Da’Vine Joy Randolph (que interpreta a gerente de cozinha Mary Lamb) são fortíssimas, tendo, inclusive, já rendido indicações na temporada de premiações de 2024.
Juntamente com a excelente química entre os personagens, os diálogos bem escritos, afiados e sarcásticos, fazem cada segundo do filme prender a audiência. A interação entre esses personagens desajustados, excluídos e sofridos tem como maior fonte de sua veracidade esses diálogos escritos pelo roteirista David Hemingson e as química entre os atores. E a audiência vai rir muito com eles, em vários momentos do filme.
Como um bom filme de Natal, Os Excluídos traz reflexões sensíveis e importantes. Mas, diferente da maioria dos filmes natalinos, faz isso sem ser clichê, falso ou extremamente emotivo. Aborda com sensibilidade a temática do amadurecimento e das relações familiares. Traz várias reflexões sobre paternidade e sobre doenças mentais, principalmente em como elas eram vistas há algumas décadas. Fala sobre desigualdade social, privilégio, luto e o impacto de um ser humano na vida do outro. Fala e faz reflexões sobre tudo isso sem necessariamente dizer nada: ao ver o desenrolar da história você sairá reflexivo do cinema.
Se fosse para definir Os Excluídos em poucas palavras, diria que é um Sociedade dos Poetas Mortos natalino, recheado com muita acidez e sarcasmo. Por tudo isso, essa produção acabou de furar a fila e se tornar meu filme natalino favorito de todos os tempos.