Review MOTEL DESTINO: KARIM AÏNOUZ FAZ UM NOIR TROPICAL MORNO

Karim Aïnouz é um dos maiores cineastas brasileiros contemporâneos, reconhecido por trabalhos importantes como “Madame Satã”, “Praia do Futuro” e “A Vida Invisível”, ele está de volta com “Motel Destino”, thriller erótico colorido protagonizado pelo novato Iago Xavier, que interpreta Heraldo, um jovem que está fugindo de seus ex-parceiros de crime e acaba morando num motel comandado por Elias (Fábio Assunção) e Dayana (Nataly Rocha).

O diretor disse que o filme é um noir tropical, e realmente é, gosto como ele brinca com o conceito de motel, tão referenciados em filmes americanos, mas que possui outro significado aqui. Enquanto nos Estados Unidos motéis são quartos baratos utilizados para viajantes fazerem pequenas paradas, no Brasil o motel representa um lugar exclusivo para encontros sexuais, e claro que isso dá filme!

Na verdade, gosto de muitas coisas no filme, entre elas a estilização e as cores quentes da diretora de fotografia francesa Hélène Louvart (La Chimera), gosto da atuação do Fábio Assunção, que parece ser um personagem que a Lana Del Rey amaria conhecer, e por fim gosto bastante do roteiro, que é redondinho, verossímil e interessante, mas que não funciona tão bem na prática.

Existe um contraste em “Motel Destino”, apesar das cores vibrantes, das cenas de sexo e dos gemidos, falta sensualidade e dinâmica entre os personagens, isso não significa que os atores não estejam bem, pelo contrário, mas não existem diálogos interessantes ou situações que ajudem a entender melhor as motivações dos personagens. É difícil por exemplo, acreditar que a relação entre Heraldo e Dayana ficou tão forte em tão pouco tempo com tão pouco apresentado.

Karim disse que pretende fazer uma trilogia a partir de “Motel Destino”, o que eu acho empolgante, uma vez que me interessei bastante por esse universo e acredito que ele tenha muito mais a mostrar.