O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de Meu Cunhado é um Vampiro possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
OS CINÉFILOS ATÉ PODEM TORCER O NARIZ PARA O TRABALHO DO COMEDIANTE LEANDRO HASSUM, mas a verdade é que o preconceito pode acabar nos afastando de verdadeiras surpresas como é o caso da comédia Meu Cunhado é um Vampiro (Ale McHaddo, 2023), disponível na Netflix.
A trama apresenta Fernandinho (Hassum), um ex-jogador de futebol que agora conduz um programa na internet. A normalidade da sua vida é abalada com a chegada do cunhado folgado (Romulo Arantes Neto) e uma série de eventos esquisitos, que o levam a acreditar que o irmão da sua esposa é um vampiro.
Completando o elenco, a musa dos TikTokers Mel Maia é competente como a filha adolescente que está sempre com a cara amarrada; Monique Alfradique interpreta a esposa zen e é responsável por alguns dos melhores momentos nessa caricatura exagerada de pessoas vegetarianas (como vegetariano, me divirto sempre que vejo um não-vegetariano fazendo humor, afinal não é uma piada que vai abalar minhas convicções); mas é Caio Mendonça que consegue chamar mais a atenção com seu personagem.
Anos atrás, eu provavelmente iria pesar a mão e concentrar apenas nos pontos fracos da produção. Para uma obra como Meu Cunhado é um Vampiro, cuja única função é divertir seu espectador com uma premissa familiar leve, não existe motivo para reclamar. O filme cumpre a sua missão, dá todo o espaço para Hassum fazer suas caras e bocas, além de um texto com momentos engraçados e piadas maldosas, principalmente envolvendo ex-esposas.
Mesmo a maquiagem tosca merece reconhecimento. Afinal, dentro do clima e do contexto da narrativa, não faria o menor sentido um trabalho mais sério e próximo do que é comum encontrar em filmes de terror. O trabalho da equipe criativa está no tom que a história pede e torna as cenas até mais engraçadas, como as homenagens a Nosferatu e Conde Drácula (encarnado por Edson Celulari).
Meu Cunhado é um Vampiro é descompromissado e disfarça as suas limitações abraçando o humor de Hassum. O resultado é um filme perfeito para passar o tempo, rir um pouquinho e depois passar para a próxima sessão. Não espere ver algo remotamente parecido com uma versão engraçada de Drácula ou Entrevista com o Vampiro. É simplesmente uma versão brazuca de filmes de vampiros e funciona.
PS: Achei imperdoável a ausência de piadas com a culinária brasileira e sua dependência de alho. Nenhum vampiro conseguiria sobreviver no Brasil se alimentando do sangue das pessoas que devoram dentes de alho diariamente no almoço.