Review Mergulho Noturno: Primeiro grande filme de terror de 2024

O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica do filme Mergulho Noturno possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação. 

 

poster mergulho noturnoA PARCERIA DA PRODUTORA DE JAMES WAN COM A BLUMHOUSE COMEÇOU BEM. Dentro da sua proposta e limitações, o terror Mergulho Noturno (Night Swim, Bryce McGuire, 2024) funciona tanto para dar sustos nos espectadores quanto para divertir os admiradores do gênero. E ser um bom filme não necessariamente cria a obrigação de ser espetacular ou acrescentar algo inovador para o cinema. 

A história de Mergulho Noturno pode parecer um pouco besta. Até é mesmo. E tudo bem. Uma família acaba de comprar uma casa nova e o paizão se apaixona pela piscina. Com o passar do tempo, a vida começa a ficar meio esquisita e todo mundo (exceto o papai) começa a sentir que existe algo diabólico naquela piscina. 

É isso. É basicamente um fucking filme de terror sobre uma fucking piscina assombrada. 

O que você vai exigir de uma obra com uma premissa dessa? Eu acho que a resposta é “me divirta pelas próximas duas horas e me deixe sentindo como se estivesse relaxando na piscina sem molhar a poltrona do cinema”. McGuire consegue cumprir as expectativas e faz exatamente isso, mas, como disse, dentro da sua proposta e limitações. 

Inspirado em um curta-metragem muito elogiado lançado em 2014, Mergulho Noturno trilha o mesmo caminho de Andy Muschietti, que em 2008 fez o curta que deu origem ao filme Mama, de 2013. Não é exatamente fácil esticar um filme de três, seis minutos para um longa-metragem de quase duas horas de duração. Cargo, de Ben Howling e Yolanda Ramke, por exemplo, não teve a mesma sorte em sua adaptação. Ainda que seja um bom longa, o curta funciona melhor. E caso você tenha curiosidade, Quando as Luzes se Apagam (Lights Out, David F. Sandberg, 2016) também é inspirado em um curta  – e isso falando de filmes de terror de destaque apenas. 

O grande diferencial de Mergulho Noturno é que o curta se passava inteiramente em uma única sequência dentro da piscina. Expandir esse conceito para o cinema foi um belo exercício e deu certo. Não apenas nós, como espectadores, mas também os personagens, estamos conscientes do perigo existente naquela piscina. Por isso, a cena em que Ray (Wyatt Russell) tenta afogar um adolescente é tão forte. Sentimos a apreensão do pequeno Elliott (Gavin Warren) e de sua mãe Eve (Kerry Condon), enquanto todo mundo se diverte sem saber dos riscos. 

Gosto do contexto familiar de um pai precisando se afastar do seu trabalho por causa de uma doença degenerativa e dos conflitos naturais de um ambiente doméstico. Era importante estabelecer esse personagem para envolver os espectadores e entender melhor como a tal piscina da morte funciona. Eu até acho que dá para forçar a barra e criar um problema na origem da piscina e seus poderes macabros, mas estamos vendo um filme de terror sem o interesse de revolucionar o gênero. Então, prefiro reconhecer nessa explicação uma homenagem ao cinema de terror oriental. Ressignificar as coisas é o passo para evitar frustrações e decepções. 

Com bons momentos de sustos e sequências previsíveis que mesmo assim conseguem ser tensas, Mergulho Noturno se destaca como uma surpresa positiva nesse começo de temporada. Não sei se ele sobrevive para manter um lugar entre os melhores filmes de terror de 2024, mas garante a nossa diversão sem deixar nada a desejar. Acho até que é bom o suficiente para deixar algumas pessoas traumatizadas ao ponto de evitar entrar em uma piscina novamente. É. Acabei de fazer uma comparação implícita de Mergulho Noturno com Tubarão. Melhor encerrar por aqui.