Segundo filme com direção de Bradley Cooper, Maestro ajuda a impulsionar a história do famoso Leonard Bernstein
Nota: Alerta de Spoiler
Aviso: como diria nosso editor-chefe Túllio Dias, esta crítica contém spoilers. Leia com sabedoria; você foi avisado!
“Maestro”, disponível em algumas salas de cinema pelo Brasil e chegando oficialmente pela Netflix em 20 de dezembro, emerge como um forte candidato ao Oscar de 2024. Dirigido por Bradley Cooper, que retorna após o sucesso de “Nasce uma Estrela” (2018), esta é sua segunda incursão na direção. Aqui, Cooper encarna o excêntrico maestro Leonard Bernstein, uma figura icônica da música clássica. Com um elenco de destaque, Maya Hawke, Carey Mulligan, Sam Nivola , Matt Bomer, Sarah Silverman, Gideon Glick, Gabe Fazio, Eric Parkinson, William Hill, Nick Blaemire, Oscar Pavlo, Tim Rogan e Mallory Portnoy.
Durante suas quase 2 horas e 9 minutos de exibição, somos imersos na história de amor e na vida de Bernstein, que se apaixona por Felicia Montealegre (Carey Mulligan), uma importante atriz da época. O roteiro meticulosamente apresenta desde o início de suas trajetórias profissionais até suas vidas pessoais, abordando suas vitórias e derrotas.
Nos primeiros minutos, somos transportados para o momento em que Leonard (Cooper) se apaixona por Felicia (Mulligan), testemunhando como se tornaram figuras importantes na mídia. O palco é a vida, inicialmente retratada em uma fotografia em preto-e-branco, capturando o início dessa paixão, os sentimentos mútuos, os planos e a inocência e leveza desse tempo. Bernstein começa a ganhar fama por seu estilo forte e rígido na regência e composição da orquestra.
Mais adiante, as cores vivas e pastéis contrastam com a bela história inicial, conforme vemos esse amor sendo despedaçado. O comportamento desviante do protagonista e seu interesse por homens entram em cena, enquanto Felicia tenta ou não se adaptar, em meio à construção de uma família.
Na primeira hora do filme, a trama se concentra no dilema do personagem-título. Bradley Cooper está completamente à vontade, entregando uma atuação digna. Se “Tar” foi abordado de uma perspectiva feminina, “Maestro” destaca a virilidade e a força do personagem na carreira, além dos desdobramentos em sua vida pessoal.
Embora dirigido por um homem, o filme coloca Felícia em uma posição delicada, não apenas lidando com a vida sob os holofotes e a mídia, mas também retratando-a como uma personagem forte e uma mãe amorosa, preocupada com a reputação da família e dos filhos. Conforme as polêmicas geradas pelo pai se desenrolam, o longa cresce ainda mais, concedendo a ela o merecido protagonismo. Talvez seja ela quem rejeita a dinâmica familiar na qual o protagonista está envolvido.
Do ponto de vista técnico, o som desempenha um papel quase onipresente, especialmente devido à trilha sonora de Bernstein, ganhando vida através da interpretação de Cooper.
A fotografia de Matthew Libatique é primorosa, fazendo uso criativo das cores e de sua ausência para contar a história. Enquanto em “Oppenheimer” essa técnica é confusa e cansativa, em “Maestro”, Libatique separa as épocas de forma que o espectador compreenda facilmente qual personagem está se comunicando e por quê. Kevin Thompson realiza uma direção de arte sofisticada, desde as referências na TV e no cinema até o contexto em que os personagens são inseridos.
No entanto, o aspecto que deixa desejar é a representação dos amantes do protagonista, concordo com meu amigo Palermo disse em sua crítica. Eles são constantemente eclipsados pela vida familiar, principalmente por Felícia. Também senti falta de um contraste mais marcante entre as imagens reais do maestro nos créditos e a representação ficcional, bem como uma exaltação mais profunda de suas realizações e de seu legado, deixando a sensação de que vivemos uma ilusão sobre a existência real da figura.
Surpreendentemente, Bradley Cooper teve uma equipe de produção de alto nível que, sem dúvida, ajudará a impulsionar suas chances no Oscar. Nomes como Martin Scorsese e Steven Spielberg contribuíram para a produção desta história.
“Maestro”, sem dúvida, merece um lugar entre os melhores do ano. Vale a pena reservar um tempo para assistir no cinema e apreciar ao máximo o som e a agitação da câmera proporcionados pelo diretor, além de uma história que instiga reflexões após a sessão.