REVIEW: Madame Teia – Entre o brega e o divertido, novo longa da Sony Pictures se mostra uma aventura sem grandes pretensões.

O filme abre com uma cena singular: uma tribo de Pessoas-Aranha na Amazônia, adornadas em vermelho e preto. A imagem, embora impactante, beira o ridículo, destoando do tom sério que se espera do filme. Essa escolha, no entanto, reflete a natureza peculiar de Madame Teia, que oscila entre o brega e o divertido.

O longa-metragem que estreou no dia 15 de Fevereiro de 2024 tem como foco contar a história de Cassie Webb (interpretada por Dakota Johnson) e subverte a expectativa da personagem clássica dos quadrinhos de super-heróis. Aqui, ela é uma mulher em seus 30 anos, com traumas e ansiedade social, que se vê envolta em uma trama heroica. Johnson se destaca no papel, imprimindo humor e carisma à protagonista. Porém, o filme não se preocupa em ser perspicaz ou inovador. Observamos uma trama extremamente simples e com personagens estereotipados.

Mas, por incrível que pareça, essa simplicidade assumida, sem megalomania, ajuda o filme a se tornar menos tedioso e diferente de outros filmes baseados em histórias em quadrinhos. Ele encontra um equilíbrio delicado entre humor e drama, sem se levar a sério, mas também sem desdenhar dos conflitos dos personagens. As cenas em que observamos referências à mitologia do Homem-Aranha são bem dosadas, mesmo que às vezes seus detalhes sejam cheios de buracos e inconsistentes. A diretora S. J. Clarkson foi capaz de complementar o enredo de Cassie sem deixar a história do Homem-Aranha dominá-la.

Infelizmente, a partir do terceiro ato, perde-se o tom equilibrado do filme. A tentativa de aprofundar a jornada emocional de Cassie resulta em sentimentalismo exagerado, trocadilhos incômodos e CGI excessivo. A performance de Johnson, antes natural, cede espaço para uma ironia fora de lugar e uma atuação forçada.

Pontos Positivos:
– Performance de Dakota Johnson: Johnson traz humor e carisma à personagem, tornando-a cativante e crível.
– Equilíbrio entre humor e drama: O filme consegue encontrar um tom leve e divertido, sem deixar de lado os momentos mais dramáticos da história.
– Simplicidade assumida: Sem pretensões de ser inovador, o filme se concentra em contar uma história simples e direta, sem se perder em complexas tramas secundárias.
– Referências bem dosadas: As referências à mitologia do Homem-Aranha são utilizadas de forma inteligente, complementando a história sem dominá-la.

Pontos Negativos:
– Terceiro ato inconsistente: O ritmo do filme cai consideravelmente no terceiro ato, com algumas cenas que se arrastam e soluções fáceis para os problemas dos personagens.
– CGI inconsistente: A qualidade dos efeitos visuais varia ao longo do filme, com alguns momentos que podem parecer artificiais e visivelmente computadorizados.
– Personagens estereotipados: A maioria dos personagens, além de Cassie, são pouco desenvolvidos e caem em estereótipos.

Conclusão:
Madame Teia é um filme despretensioso que, apesar de possuir vários pontos fracos, consegue entreter na maior parte do tempo. A performance de Dakota Johnson é o grande destaque do filme, enquanto o tom leve do filme fica equilibrado entre divertido e cafona.
Para quem busca um filme de super-heróis diferente, sem megalomania e com um toque de humor e breguice, Madame Teia é uma boa opção. No entanto, é importante estar preparado para o ritmo inconsistente do terceiro ato e para os personagens pouco desenvolvidos.

Elenco principal: Dakota Johnson, Sydney Sweeney, Isabela Merced, Celeste O’Connor e Tahar Rahim.
Roteiro: Matt Sazama e Burk Sharpless.
Direção: S.J. Clarkson.