Review Guerra Civil: uma experiência imersiva do fotojornalismo de guerra

O diretor britânico Alex Garland, responsável por obras como Ex Machina: Instinto Artificial (2014), Aniquilação (2018) e Men: Faces do Medo (2022), estreia um novo projeto em 2024. O filme Guerra Civil é estrelado por grandes nomes, entre eles Kirsten Dunst (Ataque dos Cães, 2021), o brasileiro Wagner Moura (Narcos, 2015) e a jovem atriz Cailee Spaeny, intérprete de Priscilla (2023).

O filme acompanha um grupo de jornalistas fotográficos que registram uma guerra civil violenta nos Estados Unidos em um futuro próximo e distópico. Nesse contexto, eles buscam registrar de forma imparcial a realidade cruel dos conflitos, os bombardeios, as destruições das cidades e as mortes chocantes. O grupo é liderado pela renomada repórter Lee Smith (Dunst), que se encontra em um momento de crise existencial e descrença na missão de sua profissão. Por sua experiência em vivenciar e fotografar confrontos em outros lugares do mundo, ela acreditava que suas fotos estariam mandando um aviso para que isso não ocorresse em seu país.

É importante destacar a atuação memorável de Kirsten Dunst nesse projeto. Ela transmite emoções complexas com maestria e consegue comover o público pelo peso que a personagem carrega. Além dela, Wagner Moura interpreta o carismático e intenso jornalista Joel, que está sempre disposto a conseguir o melhor furo de reportagem e as matérias mais importantes. Completam a equipe a novata fotógrafa Jessi (Spaeny), que vê em Lee sua heroína e principal inspiração na carreira, e o experiente Sammy, vivido pelo talentoso Stephen McKinley Henderson (de Duna, 2021).

Seguindo em uma jornada de 500 km pelos Estados Unidos com o objetivo de entrevistar o presidente, o filme coloca o foco no compromisso, na ética e nos riscos assumidos pelos jornalistas nesta jornada. Para isso, Guerra Civil utiliza elementos técnicos como a cinematografia e o trabalho de som para elevar a tensão e a imersão do público nos acontecimentos. Em seu ápice de pressão, o longa traz uma cena com Jesse Plemons (de Assassinos da Lua das Flores, 2021) que provavelmente é uma das mais assustadoras de 2024. As performances aqui são extremamente reais e nos colocam dentro dos sentimentos dos protagonistas. A habilidade do diretor Alex Garland de escalar a ansiedade da audiência e prender a nossa atenção é impressionante.

Por outro lado, há partes mais contemplativas e centradas na relação de mentoria entre as personagens Lee e Jessi e nas dinâmicas dos profissionais da imprensa. Guerra Civil não se aprofunda nas circunstâncias da guerra, mas isso não significa que o filme se mantenha neutro e apolítico. Pelo contrário, o filme mostra o que acontece quando extremistas e fascistas detêm o poder em uma nação e, por meio do fotojornalismo, exibe como a sociedade reage a toda a divisão ideológica. Portanto, Guerra Civil transfere para o espectador os julgamentos de valores e a reflexão sobre a experiência humana dentro de um cenário aterrorizante de guerra, medo e incerteza.

O filme estreia nos cinemas brasileiros dia 18 de abril.