Review Furiosa: Uma Saga Mad Max: Prequel é um dos grandes filmes de ação de 2024

O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de Furiosa: Uma Saga Mad Max possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação. 

 

poster furiosa uma saga mad maxQUASE DEZ ANOS SE PASSARAM DESDE O LANÇAMENTO DE MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA. De forma imediata, o longa estrelado por Charlize Theron e Tom Hardy foi elevado ao patamar de clássico instantâneo. Até hoje não faltam comentários indicando a produção como um dos melhores filmes de ação dos últimos 10, 15, 20 anos. Não importa quanto tempo: é certo que ele estará nessa lista. Verdade seja dita. É realmente uma produção inesquecível e merecedora de todos os elogios. 

Faço essa introdução porque senti dificuldade em assistir Furiosa: Uma Saga Mad Max (Furiosa: A Mad Max Saga, George Miller, 2024) e não deixar as comparações (além das minhas próprias expectativas) atrapalharem a experiência. Preciso ser sincero e dizer que fracassei miseravelmente, inclusive. O spin-off da saga que começou com Mel Gibson lá em 1979 é bem bom. Sem dúvidas é uma sessão de cinema de puro entretenimento e qualidade.

Anya Taylor-Joy consegue escapar da sombra de Theron para viver uma versão mais jovem da Furiosa. A semelhança física ajuda, claro, mas Taylor-Joy adiciona uma inesperada (e bem-vinda) camada de vulnerabilidade para a protagonista. É preciso considerar que independente de interpretarem a mesma personagem, as duas atrizes lidam com contextos bem diferentes e que se complementam. 

É divertido reencontrar Immortan Joe (Lachy Hulme) e seus seguidores kamikaze, mas Miller ofusca o vilão de Estrada da Fúria para introduzir um personagem inédito. Na pele de Chris Hemsworth, Dementus é uma curiosa mistura de Thor com Jack Sparrow (personagem de Johnny Depp na série Piratas do Caribe). Ao lado de Rush e No Coração do Mar, não é exagero nenhum dizer que o vilão despirocado é a melhor atuação da carreira de Hemsworth. 

O roteiro de Furiosa também funciona muito bem. Acompanhamos a infância roubada da heroína e toda a sua jornada para se tornar uma das pessoas de confiança de Immortan Joe. Miller conta a história envolvendo os espectadores e criando belas sequências de ação, como é de se esperar da saga. O cineasta até tenta brincar com a narrativa ao fragmentar o roteiro em várias partes, cada uma revelando um pouco mais da essência de Furiosa. No entanto, a sensação é que faltou algo. 

Tentei descobrir o que seria esse algo e identifiquei a sua origem. É aquele papo antigo que a gente escuta sempre. Faltou não criar expectativas. Faltou não cometer o erro de querer ver algo tão bom ou melhor que Estrada da Fúria. Mesmo com todos seus méritos, Furiosa não é um produto capaz de competir com o filme de 2015. Faltou uma boa dose de insanidade visual e sonora. Talvez seja porque Mad Max nunca foi lá uma franquia com um roteiro tão ajustadinho e próximo de ser previsível. É mais sobre fazer poesia caótica no meio do deserto. Temos poesia, temos deserto, mas o caos foi substituído pela ordem. 

O mais louco é que Furiosa certamente é um dos grandes filmes de ação de 2024 porque George Miller faz sem esforços o que muitos diretores gastam milhões para tentar imitar. Quando um grande cineasta entrega uma nova obra, a gente sabe que terá um filme de qualidade. Furiosa acerta muito mais do que erra e pode atrair novos fãs para esse universo. Mas me pergunto se estou tão errado assim, afinal os minutos finais fazem uma homenagem longa demais para Mad Max: Estrada da Fúria

PS: Mesmo com todas piadas e momentos WOW, o que mais me divertiu foi a breve participação de Max em uma cena bem silenciosa em que observa Furiosa escapando dos vilões.