Você já imaginou um romance embalado por tiros, explosões e monstros saídos de um pesadelo? Pois bem, Scott Derrickson imaginou e nos entregou Entre Montanhas, um filme que parece um thriller de sobrevivência, mas no fundo esconde um romance digno de nota. Aqui, o amor nasce entre disparos e criaturas bizarras, porque nada aquece o coração como a adrenalina de não saber se você será a próxima refeição de um monstro mutante.
Amor, Balas e um Casal de Tiradores de Elite
Levi (Miles Teller) e Drasa (Anya Taylor-Joy) são dois snipers posicionados em torres opostas, vigiando uma fenda misteriosa de onde emergem os temidos “Hollow Men”. A primeira regra da missão? Não se comunicar com o sniper do outro lado. Mas, como em todo bom romance proibido, eles ignoram essa regra rapidamente. O que começa com trocas de olhares à distância, mensagens rabiscadas e covers improvisados de Blitzkrieg Bop, logo evolui para um romance inusitado. Inclusive, ouça as músicas do filme aqui.
A química entre Teller e Taylor-Joy é o grande trunfo do filme. Eles funcionam absurdamente bem juntos, transformando um conceito que poderia ser apenas mais um blockbuster genérico em algo envolvente e divertido. O carisma de ambos sustenta a história até quando o roteiro dá uma tropeçada. E, sejamos honestos, não é todo dia que você vê um casal se apaixonando entre rajadas de metralhadora e monstros sedentos por carne humana.
Referências e Influências: Eu Sou a Lenda e Whiplash
Se você sentiu um déjà vu ao ler a sinopse, não está errado. Entre Montanhas tem influências claras de Eu Sou a Lenda, com seu clima de isolamento e suspense constante. A ideia de um protagonista sozinho contra criaturas inomináveis é reciclada aqui, mas com a diferença de que Levi não está realmente sozinho—ele tem Drasa, e juntos criam uma dinâmica que adiciona um toque emocional à história.
Além disso, há um inesperado paralelo com Whiplash. Nada de instrutores psicopatas desta vez, claro. Mas Teller improvisa uma bateria para se divertir junto da personagem de Taylor Joy. Assim como em Whiplash, Levi está constantemente testando seus próprios limites físicos e emocionais, só que agora ao invés de baquetas, ele tem um rifle de precisão.
Derrickson, conhecido por O Telefone Preto e A Entidade, não faz de Entre Montanhas um filme de terror completo, mas usa elementos do gênero para dar aquele tempero à narrativa. A tensão é constante, e mesmo nos momentos mais leves, o perigo nunca desaparece totalmente. Ele entende que o terror aqui não precisa ser sobre sustos baratos, mas sim sobre a incerteza e o medo do que está por vir.
Ação ou Romance? Por Que Não os Dois?
O mais interessante sobre Entre Montanhas é que ele não escolhe um único gênero. Em alguns momentos, é um filme de ação pura, com sequências eletrizantes de combate e sobrevivência. Em outros, desacelera para desenvolver a relação entre Levi e Drasa, tornando-se quase uma comédia romântica improvável. É uma mistura que, no papel, pode parecer estranha, mas na prática funciona surpreendentemente bem.
Há cenas que fazem o público rir, como quando os dois começam a se comunicar por bilhetes e desenhos simples. Ou quando decidem ignorar as regras e tocam bateria com panelas para se entreter. Pequenos momentos de humanidade em meio ao caos fazem com que o filme tenha um coração pulsante, algo que diferencia Entre Montanhas de outros filmes de ação mais genéricos.
O Que Funciona e o Que Não Funciona?
Nem tudo são flores (ou balas). Embora o filme tenha uma premissa intrigante e personagens carismáticos, há momentos em que o roteiro pisa no freio demais. O terceiro ato, em especial, perde um pouco da força ao tentar explicar demais o que está acontecendo no vale, em vez de manter o mistério que funcionava tão bem nos dois primeiros atos.
Além disso, as criaturas poderiam ter sido mais bem exploradas. Os “Hollow Men” são ameaçadores e funcionam como antagonistas eficientes, mas nunca se tornam verdadeiramente memoráveis. Em um filme que se apoia tanto na tensão gerada por esses monstros, seria interessante vê-los como algo além de meros obstáculos para os protagonistas superarem.
No entanto, esses problemas não chegam a comprometer a experiência. O foco em Levi e Drasa mantém o filme sempre envolvente, e mesmo quando a história patina um pouco, os dois carregam o filme nas costas.
Vale a Pena? (Spoiler: Sim, Mas Leve um Colete)
Se você gosta de um romance fora do comum, com direito a tiros, explosões e monstros que parecem saídos de um delírio Lovecraftiano, Entre Montanhas é uma ótima pedida. É um filme sobre as barreiras que criamos e sobre como, quando nos permitimos, podemos viver algo incrível com quem compartilha nosso mundo — mesmo que esse mundo esteja repleto de criaturas homicidas.
A história tem seus tropeços, mas a energia do casal protagonista e a direção precisa de Derrickson fazem valer a pena. Só não espere um romance convencional. Aqui, os jantares à luz de velas são substituídos por trocas de munição, e declarações de amor são feitas entre tiros certeiros. E sinceramente? Isso é bem mais divertido.
No fim das contas, Entre Montanhas não é um filme perfeito, mas é um filme que diverte e surpreende. Se você quer algo diferente, que mistura ação, terror e romance sem medo de ousar, essa é uma escolha certeira.
Agora me conta: você assistiu Entre Montanhas? O que achou? Deixe seu comentário e até a próxima!
Onde Assistir Entre Montanhas?
Se você quer conferir essa mistura de Romeu e Julieta com Resident Evil, Entre Montanhas está disponível no Apple TV+ e pode ser alugado em plataformas digitais como Amazon Prime Video e Google Play Filmes. A experiência vale ainda mais se assistida em uma boa tela e com um ótimo sistema de som, para sentir a imersão total da ação e do suspense.