Crítica de Duna: Parte 2 – O Gênio de Denis Villeneuve ou um Grande Golpe de Propaganda?
Duna: Parte 2 estreou ano passado e não contei como foi a experiência. Para aproveitar a indicação ao Oscar de Melhor Filme, vou compartilhar um pouco de como foi. Fui conferir na tela gigante do IMAX porque, sejamos sinceros, não faz sentido assistir a um filme dessa magnitude numa telinha de celular enquanto scrolla o Instagram. Se você não viu, perdeu a chance de ter uma experiência incrível. A imersão é absurda. Agora, vamos ao que interessa: é bom? Valeu a pena? Denis Villeneuve realmente entregou tudo que prometeu?
Uma Virada de Jogo: Da Filosofia para a Ação
Se o primeiro Duna parecia um grande tratado filosófico com efeitos visuais dignos de um museu futurista, Duna: Parte 2 coloca o pé no acelerador. Ele não apenas expande a mitologia e os conflitos políticos, como também aposta no desenvolvimento dos personagens sem descuidar da ação. Agora, tem mais porrada, mais intriga e mais aquele sentimento de “esse cara está enganando geral e nem percebe”.
Paul Atreides (Timothée Chalamet) entra de vez no jogo do poder e manipulação, mesmo fingindo que não quer fazer parte disso. Tem um paralelo interessante com Star Wars aqui: se Anakin Skywalker tivesse uma pegada mais sutil e menos explosiva, talvez desse algo parecido. Paul rejeita a profecia enquanto a usa a seu favor, deixando todo mundo na dúvida se ele é um herói, um vilão ou apenas um jovem emo do deserto.
Timóteo, o Emo Supremo do Espaço
O grande charme do filme é como Villeneuve constrói Paul Atreides. Ele não é o clássico brutamontes hollywoodiano que levanta um martelo e grita “eu sou o rei”. Ele é magro, desengonçado e tem aquela vibe de quem só come torrada com Nutella e escuta The Cure no fone. Mas funciona. Ele é um anti-herói que cresce na trama de um jeito que nos faz questionar se torcemos por ele ou apenas estamos impressionados com a forma como ele engana todo mundo.
Zendaya também brilha como Chani, que não está lá para ser só um interesse romântico clichê. Ela compra a briga dos Fremen e não dá a mínima para as profecias que Paul finge rejeitar, mas secretamente está manipulando a seu favor. Seu papel no filme é essencial para mostrar que, no meio de toda essa bagunça política e espiritual, ainda existem pessoas que tentam se manter fiéis a seus ideais. A relação entre os dois é complexa e carrega uma tensão interessante, porque enquanto Chani o vê como um estrangeiro oportunista, Paul sabe exatamente como jogar o jogo.
Manipulação, Profecias e Poder
Se no livro de Frank Herbert o tema da manipulação e das mentiras é trabalhado de maneira mais aprofundada, aqui, Villeneuve opta por algo mais visual e menos textual. O foco não está tanto na estratégia e na construção da mentira, mas sim no efeito dela. A mãe de Paul, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), está o tempo todo mexendo os pauzinhos nos bastidores, garantindo que a lenda do “escolhido” continue crescendo. Paul, por sua vez, rejeita abertamente o rótulo, mas no fundo vai moldando sua jornada para que todos acreditem nele.
Isso é bem diferente da tradicional história do “herói relutante”. Paul Atreides não é relutante, ele é esperto. Ele está ocupando espaço, se consolidando no poder, e à medida que o filme avança, ele se aproxima cada vez mais de uma figura de anti-herói do que de um clássico protagonista redentor.
Denis Villeneuve Fez de Novo?
Visualmente, Duna: Parte 2 é um absurdo. É o tipo de filme que você olha e pensa: “como isso foi filmado? Como essa areia parece tão real?” É uma experiência imersiva e, novamente, prova que Villeneuve não veio para brincar. No entanto, será que isso faz de Duna 2 um filme melhor que o primeiro? Para mim, sim. Ele tem mais ritmo, mais peso narrativo e um desfecho que te deixa ansioso pelo próximo capítulo. Mas calma, não é uma unanimidade. Tem gente que preferiu a reflexão do primeiro filme ao “jogo político acelerado” deste.
No fim das contas, Duna: Parte 2 é um grande filme que equilibra a grandiosidade de uma space opera com personagens bem construídos. Pode não ser o melhor filme de Villeneuve (A Chegada segue intocável nesse posto), mas é uma das experiências cinematográficas mais impressionantes que você vai ter em 2024. Agora, me conta: você gostou de Duna: Parte 2? Achei um filmão, mas quero saber a sua opinião. Beijo no cérebro e até a próxima!