review Wish - O Poder dos Desejos

Review: Disney celebra 100 anos e não empolga com o maçante Wish – O Poder dos Desejos

Por Julie Ribeiro

poster Wish - O Poder dos DesejosEm outubro de 2023, a poderosa Disney completou seu centenário e a expectativa era de que Wish – O Poder dos Desejos (2023), lançado em novembro nos Estados Unidos, e no início de 2024 no Brasil, fosse uma obra para celebrar os 100 anos da gigante do entretenimento.
A animação faz diversas referências ao universo criado por Walt Disney, como a imagem do Mickey surgindo em meio à magia, em uma referência à Fantasia (1940), ou a aparição de uma maça venenosa e da moldura do Espelho Mágico, de Branca de Neve e os Sete Anões (1937), mostrando-se em meio à fumaça verde, utilizada para criar atmosfera para outros vilões do estúdio, como Scar, Malévola e Úrsula.
Ainda, é possível ver referências à Peter Pan, à Mary Poppins, à fada madrinha de Cinderela (1950), à Bambi (1942), com um coelho com a batida icônica do pé direito, à um vestido que sugere a A Bela Adormecida (1959), e até uma fala que remete à A Pequena Sereia (1989), sobre amor verdadeiro e as “pobres almas infelizes”. A referência mais clara fica no avô do protagonista, que está completando seus 100 anos. Um fator técnico que vale ressaltar é que este é o terceiro filme da Disney produzido na proporção 2,55:1. Os outros dois são A Dama e o Vagabundo (1955) e A Bela Adormecida.
No entanto, apesar de começar com uma abertura de livro de histórias, semelhante aos filmes clássicos da Disney, Wish – O Poder dos Desejos, infelizmente, não chega nem perto do brilho das produções que marcaram gerações. Para piorar, a animação não cria personagens cativantes como os que recentemente empolgaram crianças (e adultos!), como Frozen: Uma Aventura Congelante (2013), Divertida Mente (2015), Moana: Um Mar de Aventuras (2016), ou Viva: A Vida é uma Festa (2017).
Ambientada na cidade de Rosas, o reino dos desejos, Asha vai em busca de tentar realizar o que almeja, além de garantir que o mesmo aconteça com a sua família. Entretanto, a protagonista se depara com um rei vaidoso, que quer roubar os desejos das pessoas da cidade para si. O filme não oferece nada de novo, é mais uma história da Disney sobre acreditar em si, mas, lamentavelmente, permeada por músicas enfadonhas, roteiro sem grandes inovações, personagens estereotipados e um humor sem graça, como o do Bode Falante, fiel escudeiro da protagonista.
Para piorar, a cabine de imprensa foi realizada com uma cópia do filme dublado, onde não foi possível apreciar a trilha original, que costuma ser um marco nos filmes da Disney. Infelizmente, não se pôde ouvir a vencedora do Oscar Ariana DeBose, e, sim, alguns personagens que foram dublados com sotaque paulista carregado.
Em determinado momento, um dos personagens fala para outro que olhou para as estrelas e fez um desejo, sendo prontamente questionado “Você tem cinco anos?”. Talvez seja essa a faixa etária que a Disney espera alcançar com o tedioso Wish – O Poder dos Desejos. No final, para lembrar que nem tudo está perdido, os fogos de artifício exibem as orelhas do Mickey acima do castelo, relembrando a magia criada por obras anteriores. A boa notícia é que Wish – O Poder dos Desejos, 62º longa de animação da Disney, possui apenas cerca de uma hora e meia.