Conferi a nova aventura de Digimon que entra nos cinemas no dia 30/11/2023, e aqui vai a minha humilde opinião.
Tudo começa lá nos anos 2000, quando um bando de monstrinhos começa a invadir os programas infantis, video games, mochilas merendeiras e tudo mais. Por que estou falando em monstrinhos de forma genérica? Porque sempre fui uma pessoa muito leal às minhas escolhas e num mundo onde a rivalidade era entre Cavaleiros do Zodíaco x Yu Yu Hakusho, escolhi os cavaleiros e sua trupe. Por anos a fio, ignorei completamente, como se fosse algo digno do meu ódio, as aventuras de Yusuke e seus amigos. Até que um dia dei o braço a torcer e vi alguns episódios, me divertindo com este outro anime.
Dito isso, alguns anos depois, quando a rivalidade se transferiu para monstros de bolso e monstros digitais, já imaginam de que lado eu fiquei, não é mesmo? (Até porque o jogo de Digimon para PlayStation 1 não ajudou muito se comparado com as obras-primas de Pokémon para Game Boy). De qualquer forma, a vida é curta demais para se render a preconceitos, e lá vai este que vos fala, agora praticamente um senhor de 40 anos, conferir o longa Digimon Adventure 02: O Início.
Aproveitei a cabine digital, sentei minha filha de 8 anos ao meu lado e falei: “Isso vai dar bom.”
Agora, vamos às impressões:
A história se passa em 2012, 10 anos depois dos acontecimentos no mundo digital. (Acho que tem a ver com o Agumon, aquele dinossaurinho laranja, que é uma das únicas recordações que eu tenho, além do porquinho com asas na cabeça e um Digimon que parece um gato branco.)
Espero não ser crucificado pelos fãs, mas, de fato, a memória afetiva muito provavelmente deve ser algo que pode pegar quem já é fã. Para mim, que pouco conhecia do universo, não fez muito sentido. Apesar do nome “O Início”, este de forma alguma pode ser um episódio de entrada para quem quer conhecer mais e melhor os monstrinhos digitais.
Minha filha e eu ficamos com duas grandes interrogações em vários momentos.
Um ponto que me causou estranheza, principalmente vendo toda a qualidade da animação, foi o reaproveitamento de imagens durante as digievoluções. Ah, mas isso é porque é uma coisa clássica e tal. (Ótimo, só porque é clássico não significa que seja bom. Isso principalmente porque, depois de um tempo, você vê que esse tipo de reaproveitamento só se aplica para reduzir os custos com a animação.)
Em suma, apesar do nome “O Início”, como um prequel que mostra na verdade o início das relações entre humanos e Digimons, e para ter uma experiência completa, você precisa ter este conhecimento prévio. Caso contrário, a animação se torna apenas um desenho bonitinho com monstros, que fala sobre amizade, lealdade e a importância de se haver diálogo, mesmo quando há muito amor envolvido (na verdade, especialmente quando há muito amor envolvido).
A animação não tem pancadaria, nem cenas visualmente violentas, mas podem causar algumas reações por questões mais sensíveis, como uma criança que é maltratada pela mãe ou um bicho que derrete de uma forma estranha. Mas nada demais.
Então, meu veredicto é: “Fake Natty, se você gosta de Digimon, vá ver. Se não gosta ou não conhece, não perca seu tempo.” Eu achei que a história é profunda e confusa para crianças mais novas e pacífica demais para crianças mais velhas.