Review: BEAU TEM MEDO entre a realidade e paranoia de um mundo brutal

Explorando os limites da razão: O mais recente filme de Ari Aster , desvenda a complexa jornada de um Homem em meio a loucura e sanidade

“Beau Tem Medo”, a mais recente obra do renomado diretor conhecido por suas tramas sombrias e mergulhos no terror psicológico Ari Aster, entrega uma abordagem íntima e perturbadora ao público.

Produzido pela celebrada A24 e distribuído pela Diamond Filmes, este novo longa de quase três horas oferece uma jornada desafiadora e sem recompensas, conduzindo-nos por um percurso árduo e implacável. Apesar das expectativas criadas pelo trailer, que sugeria algo semelhante a “O Curioso Caso de Benjamin Button”, somos surpreendidos por uma atmosfera mais próxima de uma nova interpretação de “O Show de Truman”.

É notável como Joaquin Phoenix consegue dar vida a um personagem ambíguo e repleto de medos, quase à beira da insanidade, lembrando sua aclamada atuação em “Coringa” (2019). O enredo apresenta Beau, um homem profundamente perturbado que, após receber um telefonema de sua mãe, mergulha em uma jornada psicológica e cruel para encontrá-la. A interpretação de Phoenix é complexa e merecedora de reconhecimento, explorando todas as camadas e conflitos internos de Beau com precisão.

Embora o filme tenha uma duração considerável, próxima de três horas, seu ritmo pode parecer lento para alguns. No entanto, para outros é uma experiência desafiadora e brutal, vivenciada através dos olhos do protagonista. O diretor habilmente insere pistas ao longo da narrativa, levando o espectador a questionar se o que está sendo apresentado é um pesadelo, paranoia ou realidade, tudo isso com uma estética visual que reflete uma história cada vez mais sombria.

Os medos profundos representados por Beau revelam sua imensa fragilidade emocional e como isso se reflete na figura materna, ora amada, ora odiada dentro do contexto do filme. O mais importante é observar como o protagonista lida com esses medos, especialmente no que diz respeito às questões maternas. A abordagem de sua sexualidade também é um elemento que alimenta os medos enfrentados pelo personagem-título.

O universo caótico construído pelo diretor destaca sua habilidade em transitar entre a loucura e a realidade. A questão do tempo, em determinados momentos, parece solta, assemelhando-se a uma vida idealizada desejada pelo protagonista diante de um ambiente desafiador. Chegar a conclusões sobre a condição mental de Beau e se ele é considerado louco por estar à margem da sociedade é uma tarefa complexa.

O filme desafia constantemente o espectador a julgar Beau e suas complexidades, colocando-o em uma oscilação entre o papel de agressor e vítima. Aster mantém seu estilo de deixar os desfechos em aberto, permitindo que cada espectador interprete a narrativa de acordo com sua percepção.

Vigilância, controle e inseguranças são temas essenciais na trama, discutidos de maneira envolvente com o público. Cada personagem está profundamente interligado a esses temas, revelando muito sobre como o protagonista enfrenta seus medos e luta durante sua jornada. Apesar de avançar algumas etapas, o medo faz Beau retroceder, conduzindo-o a uma jornada cruel e dolorosa, tornando-o simultaneamente réu e vítima. Ao confrontar o espectador com essa “verdade” abstrata, o filme instiga a escolha de um lado para permanecer.

“Beau tem Medo” é daqueles filmes que podem gerar amor ou ódio e, para mim, é uma imersão profunda em questões como a sociedade do espetáculo, a violência e o limite entre a sanidade e a loucura. O diretor deixa claro a direção que tomou, mas o resultado pode não ser agradável para todos os gostos.

O longa está disponível para visualização na Amazon Prime Video.