review argylle o superespião

Review Argylle: O Superespião: Música nova dos Beatles, piadas e danças valem a maratona

O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A review de Argylle: O Superespião possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação. 

 

poster argylleO CINEASTA MATTHEW VAUGHN DEIXOU BEM CLARO O SEU SONHO DE DIRIGIR UM 007 NO FUTURO. Além da trilogia Kingsman, o diretor chega com Argylle: O Superespião para reforçar seus interesses. Apesar de ser desnecessariamente longo, a produção compensa com momentos de muito bom-humor e adrenalina. 

A trama acompanha os devaneios da escritora Elly Conway (Bryce Dallas-Howard), que começa a ser perseguida após finalizar o seu livro de espionagem mais recente. Sem entender nada do que está acontecendo, ela acompanha o divertido Aidan Wilde (Sam Rockwell) em uma investigação para descobrir por que a sua história de ficção é mais real do que poderia imaginar. 

É curioso observar que os trunfos de Argylle também são parte do seu problema. Gosto da metalinguagem e da brincadeira com a autora do livro que inspirou o filme (Conway é um pseudônimo de uma escritora desconhecida; teorias da conspiração insistem que Taylor Swift escreveu o livro, o que foi desmentido pelo diretor), mas Vaughn peca pelos excessos. 

Nada contra produções capazes de misturar comédia e ação. Anjos da Lei (21 Jump Street, Phil Lord, Chris Miller, 2012) e Chumbo Grosso (Hot Fuzz,  Edgar Wright , 2007), além do próprio Kingsman original, são bons exemplos de filmes que misturam os gêneros e funcionam. O problema é quando a narrativa cansa o seu espectador e a gente começa a acreditar que o filme dura uma eternidade. Esse é o caso de Argylle. O ritmo não se sustenta. 

Podemos rir horrores da objetificação de Henry Cavill, dos momentos de dança e quando a pancadaria rola solta ao som de alguma canção (em Kingsman, Vaughn já tinha ganhado o título de melhor uso de Lynyrd Skynyrd do cinema com “Free Bird”), e, óbvio, dos rumos e revelações do roteiro, mas ainda assim, chega um momento em que ficamos cansados. Cabe ao espectador dizer se os excessos do diretor parecem ou não uma maratona de paciência. 

Falando sobre música, é importante falar sobre a beleza de “Now and Then”, faixa inédita dos Beatles. A canção é o tema romântico principal de Elly e Aidan, e toca em diversos momentos do filme. Arrisco dizer que minha simpatia por Argylle passa obrigatoriamente pela inclusão da faixa, além de David Bowie (“Let ́s Dance”), Barry White (‘You’re My Everything’) e Leona Lewis com uma releitura de “Run”, do Snow Patrol. Sabe como é. Se a trilha é boa, o filme sempre vai ganhar pontos comigo por causa disso. 

Entre trancos e barrancos, Argylle: O Superespião acerta com seu elenco, piadas e gags engraçadas, além de sequências de ação muito bem dirigidas. Teria gostado bem mais se tivesse consumido dois litros de Red Bull ou café, porque precisa de muito estímulo para dar conta da maratona de excesso de informação proposta por Vaughn. 

O filme está em cartaz nos cinemas.