O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica do filme 60 Minutos possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
QUANDO ALGUÉM ME INDICA UM FILME DE AÇÃO DISPONÍVEL NA NETFLIX, eu fico um pouco tenso. Digo isso porque o streaming é como um grande mural de bagulho duvidoso, especialmente no gênero ação, com aqueles títulos genéricos estrelados por atores de terceira qualidade.
Mas fiquei curioso com a premissa do alemão 60 Minutos (60 Minuten, Oliver Kienle, 2024) e vou te dizer que me diverti bastante durante 1h30. Ao contrário dos títulos ruins disponíveis no catálogo (e digo que são ruins muitas vezes sem nem ter assistido, apenas olhando a tipografia dos seus cartazes ou direção ou elenco – posso estar equivocado, mas foram muitos anos alugando essas merdas na locadora e perdendo dinheiro. Precisei ficar esperto para não gastar com porcaria), 60 Minutos é feito para quem gosta de pancadaria frenética, mas sem tratar os espectadores como idiotas desmiolados.
A trama acompanha um lutador de MMA que abandona uma luta muito importante depois de receber uma ligação da ex-esposa. Caso ele não aparecesse para a festa de aniversário da filha dentro de uma hora, perderia totalmente a custódia da criança. O lutador não pensa duas vezes e começa uma corrida desesperada para conseguir chegar a tempo. O que ele não sabe é que sua luta foi comprada e muita gente PERDEU dinheiro nessa história. E os mafiosos não ficaram nada felizes com a decisão do lutador.
Te juro que o maior defeito do filme é não se passar em tempo real. Seria ainda mais eletrizante acompanhar a jornada de Octavio (Emilio Sakraya) e a forma como ele lida com os obstáculos. O longa inteiro é baseado em correr muito e dar socos. Em vários momentos, Octa é cercado e precisa se virar na mão contra os capangas. No começo, os caras pegam leve porque ainda têm ordens para levá-lo de volta para a luta. Mas depois o pau começa a torar inclusive com armas de fogo.
O que faz um bom filme de ação é reconhecer suas limitações e não forçar a barra. 60 Minutos não possui um elenco afiado, muito menos um roteiro intrigante. Ele simplesmente é uma história de um lutador tentando chegar a tempo para o aniversário da filha e precisa brigar no meio do caminho. Octa não está interessado em se mostrar como o rei do pedaço ou o invencível. Ele sequer se preocupa em bater muito ou pouco nos capangas. Ele só quer chegar em casa. E isso funciona muito bem.
Impossível não recordar de Corra, Lola, Corra (Run Lola Run, Tom Tykwer, 1998) enquanto nos divertimos com 60 Minutos. A diferença é que a produção dos anos 1990 até hoje é lembrada e referenciada, afinal, de fato, é boa para um caralho. Já a versão da Netflix vai funcionar como diversão para os fãs do gênero, ser lembrada como um dos grandes filmes de ação do ano, mas só. E tudo bem. Nem todo filme bom nasce para ser inesquecível.
Disponível na Netflix.