Crítica: Rent (2005)

Há exatamente 20 anos acontecia a estreia oficial de Rent, um dos musicais mais populares da Broadway e um dos primeiros a abordar de forma válida e autêntica a vida de pessoas LGBT e suas lutas, como lidar com o preconceito e a AIDS. Um fenômeno de público e crítica, Rent recebeu 4 Tony Awards, incluindo Melhor Musical e ficou em cartaz por 12 anos consecutivos, tornando-se o 11º musical a ficar mais tempo em cartaz na história da Broadway. Em 2005 ganhou uma adaptação cinematográfica com boa parte do elenco original.

Em comemoração ao Dia Internacional contra a Homofobia, no último dia 17 de maio, vamos relembrar essa obra que tem ensinado tanto às pessoas sobre aceitação, amizade, e claro: amor.

 

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Tudo começou em 1988, quando o roteirista Billy Aronson decidiu que seu próximo projeto seria uma adaptação da ópera La bohème, de Giacomo Puccini. Ele então se uniu ao compositor Jonathan Larson para transportar a história original de luxúria e ostentação do século XIX para o cenário artístico de Nova York no final dos anos 80.

Em 1993 estreou a primeira versão off-Broadway (termo usado para peças que estão fora do circuito da Broadway) no New York Theatre Workshop, com algumas músicas que acabaram ficando de fora da versão oficial, e várias alterações foram feitas até a versão oficial estrear na Broadway em 1996.

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Larson queria fazer de Rent o primeiro musical a representar a chamada “Geração MTV”, criando uma trilha sonora enérgica e contagiante, recehada de críticas sociais profundas e uma dinâmica ainda não vista até então em musicais tradicionais, o que fez com que o musical rapidamente se tornasse um hit na Broadway, impressionando e chocando os espectadores com seus personagens falando abertamente sobre questões como relacionamentos homoafetivos, uso de drogas explícitas e AIDS. Uma das músicas que melhor traduz esse espírito liberal da peça é “La Vie Boheme”, em que os personagens se juntam em um bar logo depois da apresentação de Maureen e começam a refletir sobre seu estilo de vida “promíscuo” e “libertino”.

A representatividade em Rent também foi algo extremamente inovador para época, pois pela primeira vez se via personagens LGBT retratados com veracidade e profundidade, discutindo sobre problemas reais da vida como qualquer outra pessoa, como vemos na música “Take Me Or Leave Me”, onde vemos as personagens Maureen e Joanne discutindo sobre seu relacionamento.

Mas não existe nada que melhor represente a essência de Rent do que a máxima: “No Day But Today” (Nenhum dia além de hoje) repetida inúmeras vezes pelos personagens e que reflete perfeitamente como eles decidem viver, pois a AIDS era, até então, um problema sem solução, e não havia outra alternativa para pessoas soro positivo além de simplesmente aproveitar a vida ao máximo antes que fosse tarde. E esse pensamento vale para todos nós, mesmo que sua vida não esteja ameaçada por uma doença incurável; aproveite as oportunidades que se apresentam para você agora, pois você não sabe se elas serão as últimas.

Larson nunca chegou a ver o sucesso e o impacto de sua obra, pois morreu um pouco antes do lançamento oficial da peça na Broadway, devido a uma dissecção aórtica repentina, mas seu legado de otimismo em meio ao caos continua vivo através das inúmeras adaptações de Rent ao redor do mundo, mostrando que é possível enfrentar qualquer situação, desde que você viva com amor.

E é com esse pensamento que devemos comemorar essa data tão significativa, lembrando que não importa quem você ama, o importante é simplesmente amar.