Junte um grande time de veteranos do cinema, um ótimo comic book e temos uma fórmula acomodada mais com garantia de sucesso. Esse é RED (Sigla para Retired Extremaly Dangerous), que nem de longe é um assalto de risadas, mas sem dúvidas possui algums pontos bem bacanas e não devem ser menosprezados. Bruce Willis e cia se propõem a atender a proposta mais básica do filme, apenas entreter. É o tipo de filme que futuramente cairá como uma luva na grade da “Sessão da Tarde”.
O filme conta a história do ex-agente da CIA Frank Moser, que estava aposentado vivendo sua vida entediante e começando a se apaixonar por sua atendente do serviço social, Sarah Ross. quando se vê vitima de uma queima de arquivo da própria cia. Ele então se vê obrigado a Salvar a moça e entrar em contato com antigos colegas de trabalho para descobrir quem e porque estão atrás deles.
RED parece filme com proposta grande, com um ótimo trailer, um elenco de primeira; mas nem de longe o filme consegue cumprir com o prometido. São 110 minutos de comédia burocrática, feita pra Homer Simpson, que começa apresentando todos os personagens com uma proposta muito interessante, mas em nenhum dos casos desenvolvida por mais de dois minutos. Parece que dá a sinopse do personagem e aí eles congelam o roteiro e partem para a pancadaria, diga-se de passagem, nem isso é bem feito.
O grande problema de RED reside no péssimo desenvolvimento de tudo! Do roteiro, do figurino, das câmeras, da direção e uma fotografia que não faz em hipótese alguma jus à tirinha que andei vendo aí pela internet. O comic tinha potencial para ser rodado igual “The Spirit” (não digo “Watchmen” por que Snyder é inigualável), mas sério, podia muito mais. Achar que só um puta elenco bastava pra fazer um filme incrível foi o principal erro do diretor Robert Schwentke, por que afinal de contas não basta ele estarem em cena e não terem uma boa fala e um subtexto inteligente. Como o personagem do Morgan Freeman que é praticamente descartável no longa. Aliás, tirando o personagem central, qualquer outro personagem ali se tirasse da história não faria falta.
O interessante foi ver que mesmo trabalhando com tão pouco material o time de talentosos conseguiu fazer das tripas coração para ainda assim garantir cenas memoráveis. Como a cena em que o John Malkovich sai correndo atrás dos caras como homem bomba, ou quando detonam a casa de subúrbio do Bruce Willis, ou mesmo a cena da Helen Mirren descarregando uma big metralhadora (que nem sei como se chama). Mas o destaque mesmo no elenco não ficou com os veteranos, mas sim com a eterna musa que fica mais incrível a cada dia que a idade se aproxima Mary-Louise Parker. Apesar de ser muito suspeito para falar dela, acredito que Parker foi incrível atendendo a proposta dissimulada da personagem no tipo “faz que não quer mas no fundo está achando tudo muito emocionante”. Pena o seu texto ter sido completamente abandonado da metade pro fim do filme.

Outras boas performances foram as do sempre incrível John Malkovich, que estava hilário na pele do malucão Marvin Boggs e seu porquinho de pelúcia (bateu uma saudade de “Queime depois de Ler”); a própria Helen Mirren que fez uma vovó espiã daquelas classúdas, digna dos golpes mais mortíferos e sutis; e porque não dizer também Bruce Willis, que me pareceu um tipo de MCcLane muito mais engraçado. Agora é lastimável entregar pontas a gente tão cabeçuda como Morgan Freeman, Richard Dreyfuss, Brian Cox e Ernest Borgnine. Realmente isso me revoltou profundamente.
Tudo bem que só existem três sequências do comic de Warren Ellis e Cully Hamner, e que tenha sido difícil para os Hoeber fazerem o roteiro… Mas os problemas não ficam por aí, a direção é um desastre; do tipo precisar de quase 50 homens para destruir uma casa e apenas um chute na parede para entrar no arquivo ultra-secreto da CIA; do tipo usar a câmera de 360° o tempo todo no filme; não ter nenhuma edição nas cenas que pretensiosamente deveriam remeter à quadrinhos… Enfim, é lastimável ver um filme com tanto potencial servir apenas como entretenimento. RED foi uma das cinco péssimas escolhas para concorrer ao globo de ouro em comédia e não merece nem três caipirinhas.