Recomendáveis…

C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor. De Jean-Marc Vallée. Com Marc-André Grondin, Michel Côté, Danielle Prouix.

Poucos filmes conseguem retratar a complexidade das relações familiares como C.R.A.Z.Y. Assim como em A Lula e a Baleia (do qual já falei aqui!!), o filme trata da forma como a família e a convivência com pessoas tão diferentes umas das outras é relevante pra nossa formação. Mas diferente de A Lula…, onde vemos um momento bem específico da vida daquela família, em C.R.A.Z.Y acompanhamos toda uma trajetória a partir no nascimento de Zac, o quarto de cinco filhos, passando por sua adolescência até momentos de sua vida adulta. Irmãos totalmente diferentes, pais conservadores, a descoberta da sexualidade do protagonista (e a forma dramática como vai conviver com isso), viagens liséricas, dublagem de Space Oddity do Bowie (cena mais linda do filme), trilha perfeita… C.R.A.Z.Y. é um filme pra lista de 10 melhores…
Ah!!! Lógico! Esse C.R.A.Z.Y. assim, tipo sigla, é uma referência aos nomes dos cinco filhos da família: Christian, Raymond, Antonie, Zac e Yvan… Legal né?

Casa Vazia. De Kim Ki-Duk. Com: Seung-yeon Lee, Hyun-kioon Lee, Hyuk-ho Kwon, Jin-mo Ju.

Enredo de Casa Vazia: jovem que distribui palfletos publicitários, invade as casas quando percebe que estes não foram recolhidos. Se hospeda nelas por um dia e praticamente vive a vida dos habitantes do local. Em retribuição, conserta objetos quebrados, lava louças e roupas, e deixa aquelas casas, sem nada levar, a não ser as fotos que tira ao lado das fotografias que encontra. Em certo momento, entra numa casa ocupada, por uma moça que é espancada pelo seu marido. Os dois fogem e passar a invadir casas juntos. Nasce um sentimento entre os dois.
Não há como não se interessar pelo roteiro do diretor Kim Ki-Duk (do também excelente Primavera, verão, outono, inverno e… Primavera, e do recente Time). A forma como é filmado é um show a parte. Os protagonistas não falam em nenhum momento do filme. Tudo é expresso por meio de gestos e olhares (com excessão das três palavras ditas no fim do filme, numa cena muito bonita…). Mas o filme nunca é chato: prende o tempo todo. É sensível e duro com o espectador ao mesmo tempo. Cheio de significados e possibilidades. Vale a pena. (Bjos a Carla que me indicou!!!)

E sua mãe também. De Direção: Alfonso Cuarón. Com: Maribel Verdú, Gael García Bernal, Diego Luna.

O único filme que eu havia visto até então de Alfonso Cuarón, foi Filhos da Esperança (Prisioneiro de Azkaban, não conta), que é com certeza, um dos melhores que já vi até então. Ao ver E sua mãe também, reconhece-se muito do estilo do diretor (a câmera sempre tremida, e a fotografia), e percebe-se porque ele passou a ter uma projeção internacional. O filme é magnético da primeira à última cena, e pela força da história desses personagens. É um road movie, onde acompanhamos a viagem dos amigos Julio (Gael García Bernal) e Tenoch (Diego Luna), com a prima recém chegada da espanha Louisa (Maribel Verdú) rumo a praia de Boca del Cielo (que a princípio não existe…). O passado dos três fica pra trás – ambos os garotos viram suas namoradas partirem pra Europa, e Louisa foi traída pelo marido – e o que temos são dois adolescentes de 17 anos e uma mulher de 30 querendo viver sem pensar no amanhã. Loucuras, sexo, brigas, e uma amizade que pode não sobreviver ao tempo.

Ponto pra direção de Cuarón, pra narração, nunca incômoda, e pra atuação dos protagonistas, principalmente Maribel Verdú, que cria uma personagem com uma sede de viver impressionante.