DA PRIMEIRA VEZ QUE VI PROJETO X tive a impressão de que se tratava de uma comédia incrível e completamente subestimada. Claro que parte da minha empolgação estava comprometida naquela ocasião. Digamos que eu estava no clima da festa caótica realizada pelos personagens do filme. A melhor opção foi guardar o texto para uma outro momento, como agora em que o Cinema de Buteco está selecionando os destaques do ano.
Projeto X entra facilmente no ranking de 10 melhores comédias de 2012, no entanto não consegue divertir tanto durante a revisão, ao contrário de Ted, de Seth McFarlane, que é tão ou mais engraçado na segunda experiência. Parte disso pode ser justamente pelo fato do humor do filme ser mais concentrado na situação inesperada do que em piadas bem construídas. Depois que o espectador fica familiarizado com tudo que irá acontecer, se perde a surpresa pelo tanto que os personagens são sem noção, e com isso lá se vai a graça genuína. Você ri, claro, mas a mensagem perde a força.
Três jovens adolescentes resolvem fazer uma festa inesquecível para conseguirem o respeito e o carinho de todos os colegas. Opa, espera aí. Mais do que o respeito: eles querem a chance de transar com as meninas mais lindas da escola. Como acontece na vida real, os três garotos são impulsionados apenas pela vontade de se tornarem populares e conseguirem se dar bem. O problema é que a festa fica completamente fora do controle, com mais de 2000 mil pessoas tocando o maior terror na vizinhança e destruindo a casa.
Um detalhe positivo de Projeto X é a utilização do estilo found footage para conduzir a trama. O recurso já está batido no gênero horror, todo ano existem pelo menos três, quatro títulos parecidos, mas é uma novidade na comédia. O espectador acompanha a história não apenas pelas lentes da câmera de um único personagem, mas também de quem estiver filmando a ação com seu celular, o que é quase como se os produtores estivessem “roubando”, mas funciona.
Fãs de cachorros irão ficar chateados com as “torturas” sofridas pelo animalzinho do protagonista, mas o momento em que penduram o bicho num monte de balão é hilário. Aliás, Projeto X não demonstra compromisso nenhum com o politicamente correto. Em uma das cenas, um anão agressivo fica preso dentro de um fogão. Outra sequência que pode render reflexões sobre o sadismo do espectador/diretor é quando uma das crianças contratadas para trabalharem de seguranças (diga-se de passagem, são os melhores personagens do filme) é socada violentamente por um adulto. Isso tudo sem falar em tudo que acontece dentro da piscina da família, que depois de receber todo o público da festa sem roupa, também “refrescou” um carro.
Projeto X – Uma Festa Fora de Controle irá agradar em cheio aos fãs de Superbad – É Hoje e todas as outras comédias adolescentes que se importam em retratar o que é mais próximo da realidade. Claro, não é bem o caso do filme em questão, mas toda a loucura, os excessos, as garotas nuas, a vontade louca de transar, está muito bem representada.
Nota:[tres]