Em uma floresta do estado da Georgia, nos Estados Unidos de 1985, um urso-negro foi encontrado morto ao lado de 40 pacotes abertos de cocaína. Ele foi intoxicado pela carga que havia sido jogada de um avião por um traficante de drogas. E foi essa história real e peculiar que inspirou o roteirista Jimmy Warden (A Babá: Rainha da Morte, 2020) e a diretora Elizabeth Banks (As Panteras, 2020) a criarem O Urso do Pó Branco (2023), longa que estreia no Brasil dia 30 de março.
Dessa maneira, O Urso do Pó Branco consegue deixar a história do pobre urso-negro intoxicado em uma jornada bizarra, fazendo com que o urso do filme comece a atacar as pessoas em uma reserva florestal. Assim, acompanhamos a enfermeira Sari, vivida por Keri Russel (Espíritos Obscuros, 2021), entrando na reserva para procurar sua filha Dee Dee (Brooklynn Pince de Projeto Flórida, 2017) e o melhor amigo Henry (Christian Convery de Sweet Tooth, 2021) que estão matando aula na floresta quando são surpreendidos pelo urso drogado.
Além dos dois adolescentes, também seguimos os traficantes Eddie (Alden Ehrenreich de Fair Play, 2023) e Daveed (O’Shea Jackson Jr. de Luta por Justiça, 2019) que entraram no mato para recuperar parte da cocaína abandonada. Eddie é filho do criminoso Syd, interpretado por Ray Liotta (Os Bons Companheiros, 1990) em seu último trabalho nos cinemas. Logo, os destinos desses e de outros personagens se cruzam com o urso no meio da floresta e muitas situações malucas e improváveis acontecem.
Em razão disso, é necessário embarcar nas loucuras de O Urso do Pó Branco desde sua premissa para melhor apreciar o filme. Desse modo, o humor ácido e diálogos sarcásticos são uma característica bem marcante do roteiro. As mortes variadas são hilárias, regadas com bastante ação além de muito sangue. De certa forma, é esperado que um urso viciado em cocaína não meça esforços para conseguir mais e mais farinha branca e ataque quem estiver no seu caminho.
A direção de Elizabeth Banks administra com moderação a comédia e o terror e, ela nunca abusa dos sustos sem precedentes. Ademais, a diretora que já havia mostrado suas habilidades no gênero ação em As Panteras (2020), traz boas cenas com dinâmicas rápidas acompanhadas por ótimos efeitos especiais. Ela também consegue fazer com que a audiência se importe com os personagens e até o urso ganha nossa simpatia e atenção.
Desta forma, os atores escalados são muito carismáticos e os principais destaques são os adolescentes, a amizade entre os traficantes e o vilão de Ray Liotta. O ator, que faleceu em 2022 vítima de um ataque cardíaco, deixou saudades no coração dos cinéfilos. Outro destaque do filme está na cenografia trilha sonora e figurinos do anos 80. Embora seja um longa de orçamento médio (em torno de 30 milhões de dólares) há um cuidado em reproduzir os carros, roupas e demais objetos da época de maneira fiel.
O Urso do Pó Branco é muito direto em seu propósito de divertir e transformar uma situação estranha em algo mais cinematográfico e imaginativo. É uma experiência engraçada de se ter nos cinemas com uma plateia engajada e que irá rir junto e bem alto por diversos momentos. O Urso do Pó Branco traz uma narrativa frenética e animada e que irá conquistar uma audiência com sua vibe inusitada.