O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A Crítica de O Máscara possui spoilers e se você não viu esse filme ainda não vai fazer a menor diferença na sua vida.
EM 1994 JIM CARREY TEVE O SEU GRANDE MOMENTO EM HOLLYWOOD. Foram três sucessos no mesmo ano: Ace Ventura: Um Detetive Diferente, Débi e Loide e O Máscara, que é a obra que pretendo comentar ao longo dos próximos parágrafos.
Baseado numa hq sombria da década de 1980 em que o personagem era uma homenagem ao Coringa, vilão do Batman, cada edição da revista apresentava uma pessoa diferente usando a máscara vudu e conseguindo poderes bizarros. Ao contrário do que assistimos na produção estrelada por Carrey, a obra original embarcava em jornadas violentas e deixava o humor de lado focando num público mais adulto.
Chuck Russell (diretor de Queima de Arquivo, com o Arnold Schwarzenegger) é o responsável por comandar essa história hilária em que o bancário Stanley Ipkiss (Carrey) descobre acidentalmente uma máscara que lhe dá poderes incríveis e o ajuda a conquistar uma garota e salvar a cidade dos bandidos, além de lhe dar uma verdadeira injeção de autoestima.
Ipkiss é o retrato autêntico do perdedor. Desastrado, sem amor próprio, desprovido de autoestima e sem perspectivas profissionais, o cara se arrasta diariamente para o trabalho e vive algo bem diferente daquilo que gostaria.
Nos minutos introdutórios, Ipkiss oferece a uma colega de trabalho um par de ingressos para um evento acreditando que seria o par dela para a noite. No entanto, a moça dá o papo que está com uma amiga na cidade e não poderia deixá-la sozinha. O que ele faz? Deixa os dois convites com ela acreditando que conseguiu dar um grande passo nas suas tentativas de conquistá-la.
Sua sorte começa a mudar quando entra em cena a loira explosiva vivida por Cameron Diaz, em seu primeiro grande papel em Hollywood. Ipkiss fica instantaneamente atraído por ela (esquecendo que minutos antes estava flertando com outra pessoa) e sua vida começa a mudar radicalmente.
Quando Ipkiss acha a máscara e descobre seus poderes incríveis, todos os pensamentos e desejos reprimidos ganham voz. Assim nasce esse herói esquisito que quer fazer o bem, corrigir as injustiças e oferecer vinganças deliciosas contra as pessoas que tanto incomodam e atazanam a vida de Ipkiss.
O Máscara nada mais é que uma intensa (e exagerada) metáfora para colocar para fora tudo aquilo que nós escondemos lá no fundo da nossa alma. De forma bastante expositiva até, quando o protagonista visita um psicólogo que explica exatamente o que está acontecendo e nos faz temer pela ameaça do vilão, mas que ainda assim funciona muito bem graças ao carisma e senso de humor do seu protagonista. Tanto Jim Carrey quanto Cameron Diaz estão ótimos nos seus papéis e oferecem grande diversão para o público com toda a química que demonstram em cena.
Uma cena em especial me faz rir alto: quando o Máscara começa a dançar e cantar enfeitiçando todos os policiais da cidade numa sequência totalmente inusitada e sem noção nenhuma. Esse tipo de humor é irresistível e a cereja do bolo de uma narrativa que preza desde o começo pelo descompromisso com a realidade.
O Máscara é uma deliciosa comédia com a cara dos anos 1990 e que apresenta Jim Carrey em seus grandes momentos como o comediante número 1 do cinema norte-americano.