O FOGUISTA SE PASSA NO INÍCIO DOS ANOS 90, EM SÃO PETERSBURGO, e narra a rotina de Kochegar (Mikhail Skryabin), major aposentado e herói da guerra entre URSS e o Afeganistão. Seus dias se dividem entre o trabalho de alimentar a caldeira de uma velha casa de máquinas onde vive e a escrita de uma história sobre um homem mal, o que faz lentamente na sua máquina de escrever. Ele é por vezes visitado por um amigo de guerra, que o ‘ajuda’ a alimentar a caldeira com corpos de pessoas más, e também por sua filha, que só aparece para pedir dinheiro, além de duas meninas, que gostam de ver o fogo e ouvir a história que ele está escrevendo.
Em pleno inverno russo, acompanhamos um grupo de pessoas envolvidas em trapaças, corrupções, mortes encomendadas e pequenas vinganças. Ninguém é inocente ali, e Balabanov não tem a intenção de promover a redenção moral dos personagens. O sistema social em que eles estão imersos é viciado, e temos que conviver com isso. Dessa maneira, podemos interpretar o fogo como o elemento que a tudo consome e destrói, já que a caldeira é um símbolo constante, presente em todas as casas do filme. Talvez essa análise seja uma grande besteira, já que Balabanov afirma que o fogo onipresente não é alegórico, apenas uma questão de estética! Se for mesmo somente estilo, particularmente prefiro o fato de sempre haver alguém cruzando o caminho do protagonista durante as suas caminhadas ou no momento em que ele entra ou sai por uma porta – o que seria ainda mais interessante se fosse sempre a mesma pessoa, bem ao estilo Onde está Wally? (mas isso já são divagações…)
O Foguista apresenta ainda mulheres nuas e cenas de sexo pouco inspiradas, que beiram a Pornochanchada. Se essas não são vitais para o enredo (e não são mesmo), pelo menos não comprometem a trama. A trilha sonora se resume a uns três rocks russos, com destaque para uma música pegajosa e gostosa de ouvir (desculpem por não fazer o dever de casa e trazer o nome da canção) que acompanha os principais momentos do filme, sendo talvez o único elemento que se mantêm constante durante toda narrativa. Balabanov cria um filme que vai ganhando em intensidade à medida que vamos conhecendo melhor os personagens e percebendo como as consequências dos atos vão se fechando em torno do foguista.
Será que dá para fazer as três caipirinhas desse filme com vodka?
TRAILER
Título original: Kochegar (A Stoker)
Direção: Alexey Balabanov
Produção: Sergei Selyanov
Roteiro: Alexey Balabanov
Elenco: Mikhail Skryabin, Yuri Matveyev, Alexander Mosin, Aida Tumutova
Lançamento: 2010