O Discurso do Rei

O discurso do Rei
Quantos não sabem o que é ter alguma dificuldade intransponível na vida, ou até mesmo quantos não tiveram que batalhar durante anos para conseguir a tão sonhada perfeição? Pois então, O Discurso do Rei é sobre isso. Apesar de ser um filme baseado em fatos reais e apesar de ser de época, é acima de tudo um filme sobre superação e amizade… Quais são as pessoas com quem você pode contar para chegar lá?
O Discurso do Rei conta a história de George VI, um dos reis da Inglaterra, que, diga-se de passagem, é um quê desfavorecido pela história em relação à sua filha Elizabeth II, porém não tão desconhecido assim como estão dizendo muitos por aí. O filme partiu de uma ideia do roteirista David Seidler, que também era gago, de contar a história do triunfo do rei gago. Privilegiando assim, não só uma parte da história esquecida, como toda uma classe de pessoas que são envergonhadas e vítimas de zombaria todos os dias.
Confesso que demorei algum tempo para criar coragem de ver o filme, afinal não sou chegado a filmes de época, tampouco Colin Firth… Mas quando vi, confesso que me encantei. O filme é daquelas obras primas, sabe, coisa que realmente dá gosto de ver. Não existe uma necessidade de retratar o momento “sócio-politico-geo-econômico” da época (apesar de ser tudo muito bem inserido no contexto), e apesar de muito bom também, não existe uma grandiosidade de cenários, ou até mesmo de obra. O Discurso do Rei é simples, inocente, engraçado, muito bem fechado de ponta-a-ponta e é acima de tudo uma história sobre pessoas, pois apesar de nem todos sermos reis enfrentamos batalhas por orgulho próprio todos os dias de nossas vidas.
O principal problema que George VI enfrenta com sua fala é a eminência de assumir o trono de seu país logo às vésperas de uma provável guerra. Seu pai George V está prestes a morrer e seu irmão mais velho, apesar da grande dicção, não tem nenhuma vocação para assumir o trono. E então, após passar por vários especialistas, a gaguice se torna mais incômoda a medida que a pressão vai aumentando sobre ele (como todo gago bem sabe, o nervosismo é o inimigo da perfeição). É então que Elizabeth, sua esposa (interpretada por Helena Bonham Carter), ouve falar de um doutor chamado Lionel Logue, e então toda a dinâmica do filme começa em prol do aperfeiçoamento da dicção do novo rei.
O discurso do Rei
Aí vem a parte fantástica do filme, a química entre Colin Firth e Geoffrey Rush é simplesmente linda! As sessões de terapia definitivamente me conquistaram e são a melhor parte do filme. A implicância, a informalidade de Lionel para com o rei, os exercícios, o companheirismo… Enfim, é tudo muito espirituoso, muito engraçadinho e realmente divertido de ser ver. Geoffrey Rush dá um banho de atuação no filme na pele do excêntrico Lionel e sua carreira mal sucedida de ator. E o Colin Firth, devo dar o meu braço à torcer está muito bem, e fez um gago digamos… Na medida, sem deixar o personagem em momento algum cair no famoso pastelão (e ponto! Não vou elogiar mais do que isso! rsrs).
O filme é bonito de se ver. É muito bom quando agente acha dessas coisas bem montadinhas, com história que parece de criança, personagens tão delicados, desprovidos de qualquer tipo de dramalhão, enfim… muito bom. O Discurso do Rei além da ótima performance da dupla dinâmica ainda conta com uma apagada Helena Bonham Carter (nem de longe o brilho dos filmes do Tim), Guy Pearce (como o irmão do Rei) em sua segunda ponta em filmes premiados, Michael Gambon (como Geroge V), Derek Jacobi, Jennifer Ehle e de quebra Eve Best (de Nurse Jackie), enfim muita gente boa, que apesar de ser tudo ponta, dá gosto de ver na telona.
O discurso do Rei
Acho que o principal ingrediente de O Discurso do Rei é seu encanto e principalmente sua despretensão. Um filme com cara de que não é nada, mas que conquista todo mundo que o vê. O filme que começa tranquilo, contando uma historinha, aos poucos vai tomando forma e se tornando “filme de gente grande” e mostrando o real peso que George VI teve para mobilizar uma nação no pré-Guerra. Afinal de contas o pré-requisito básico do líder de uma nação é saber convocá-la para se defender, e isso… Só com um bom Discurso. Nada que 5 caipirinhas não resolvam!
Obs.: O Discurso do Rei já começou sua virada ganhando o PGA (prêmio dos produtores de filmes), o DGA (prêmio da Associação de Diretores) e o BAFTA (Oscar Britânico), é praticamente certa uma virada de O Discurso do Rei em cima de A Rede Social no Oscar.
O discurso do Rei

Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth
Helena Bonham Carter
Geoffrey Rush
Michael Gambon
Eve Best
e Guy Pearce
Ano: 2010
Duração: 1h e 58 min