Mais uma vez os irmãos Farrelly entregam um filme mágico e de gosto romântico contra-indicado para os que sofrem do mal do politicamente correto. Tudo bem que nenhum outro trabalho deles superou Quem Vai Ficar com Mary?, mas dentre os que chegaram perto do feito, não se pode negar a qualidade de O Amor é Cego. Não fosse pela cena em que o “guru” explica com todas as palavras, subestimando a inteligência e capacidade de interpretação do público, o que o filme quer dizer (ok. tudo bem que existem pessoas que são mesmo incapazes de conseguir captar uma mensagem, mas os Farrelly exageraram ao criar um diálogo onde a moral da história é completamente dissecada). Afinal de contas, todos os filmes dos irmãos Farrelly tem esse ponto chave que é de bancar o conto de fadas distorcido de nossa geração. Através de personagens e histórias bizarras, somos presenteados com belas (?) lições.
Em O Amor é Cego aprendemos que é preciso superar as aparências e enxergar além da embalagem. Por baixo de um belo rostinho pode existir uma pessoa sem nenhum valor, sem nada positivo para acrescentar ou compartilhar. Somos cercados de pessoas com belezas questionáveis e sempre ignoramos os bonzinhos. Eles sempre são feios/feias demais para nos acompanhar. Quase dá vergonha de ser visto ao lado de uma pessoa assim. Nesse filme de 2001, Gwyneth Paltrow se transforma e vira a gordinha mais desejada de todos os tempos no cinema. Jack Black, que não é bobo, se apaixona e tenta provar que, definitivamente, o amor é cego. Mas não tanto assim. A dupla mais improvável se une aos irmãos Farrelly em um filme que vai diretamente contra o estereotipo da mulher perfeita. E aproveita a carona para criticar também aqueles que se deixam levar pela superficialidade (Shallow Hal é o título original) e querem apenas o que é conveniente ou cool, ignorando totalmente que existem outras coisas que merecem a atenção.
A parte mais marcante da história é quando a gordinha Paltrow diz que as coisas estavam indo tão perfeitas que chegavam a assustar. Tudo isso por conta do medo de tentar medir o tanto que ambos teriam a perder. E o amor/relacionamento deveria ser sempre visto dessa forma. Algo lindo e que ao mesmo tempo causasse medo de um dia tudo se acabar.