A identidade de um país é formada por diversos fatores, como culinária, costumes, crenças, e a maneira que a população encontra para fazer arte são algumas ferramentas importantes na construção dessa identidade.
Um país grande e diverso, como o Brasil é, tem inúmeras manifestações da arte e a sua identidade é formada pela pluralidade que só entende quem mora no país e vive momentos únicos em sua história.
Nosso Sonho, cinebiografia da dupla Claudinho e Buchecha que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 21/09, conta a história dos artistas e mostra ao público a realidade brasileira das décadas de 1980 e 90. Quem acompanhou o sucesso estrondoso que a dupla fez a partir de 1996, quando Conquista furou a bolha carioca e conquistou o país inteiro, percebe este momento que reconhece quem presenciou algo “tão brasileiro”.
Este foi o momento em que o público conheceu Claudinho e Buchecha. O que a gente não sabia é que a história deles começou muito antes e bem distante dos holofotes, dos palcos dos programas Domingo Legal e Domingão do Faustão e dos clipes que passavam todos os dias na MTV.
A história de Cláudio e Claucirlei (o Buchecha) começa nos anos 80, quando os dois eram crianças. A origem humilde fez com que os garotos buscassem diversão em coisas simples da vida e que valorizassem a amizade.
Mas Nosso Sonho é mais do que isso, é um filme que mostra a realidade do jovem carioca que se permitia sonhar com uma vida melhor (Claudinho) e daquele que não acreditava ter o direito de pensar que um dia as coisas poderiam ser diferentes, que se achava feio para ser artista e que se limitava a ter um emprego simples porque não via em si mesmo o talento que carregava (Buchecha).
Quando Claudinho e Buchecha estouraram nas rádios do país e popularizaram o funk melody, os jovens da época perceberam que tinha alguém falando com eles, através de letras sensíveis e românticas e de um ritmo gostoso para dançar.
O filme de Eduardo Albergaria (Happy Hour: Verdades e Consequências) é narrado por Buchecha e conta como a aparição de Claudinho mudou a sua vida. O parceiro é tratado como uma espécie de anjo, o que torna a narrativa ainda mais atraente para o público.
Além disso, mostra que aqueles jovens que, nos anos 90, estavam vivendo o sonho de muitos, vendendo milhares de discos e conquistando fãs ao redor do país, carregavam suas particularidades, desejos e inseguranças nas costas.
A maior arma que Albergaria poderia ter é usada com sabedoria: a sensibilidade. É com o uso desta que a narrativa percorre momentos de tensão da vida da dupla e o resultado é um filme sensível e emocionante, mas que não caiu na armadilha de se tornar um dramalhão.
O elenco também ajuda bastante. Lucas Penteado (Malhação: Viva as Diferenças) interpreta Claudinho com muito respeito e mostra diante da tela todo o carisma que carrega. Com a dose certa de bom-humor, ele brilha na história e cativa facilmente o espectador. Juan Paiva (novela Um Lugar ao Sol) assume Buchecha e encontra o equilíbrio entre as emoções contraditórias do funkeiro.
Ainda estão no elenco Antônio Pitanga, Isabela Garcia, Tatiana Tiburcio, Boca de 09 (Claudinho criança), Gustavo Coelho (Buchecha criança) e Nando Cunha, em uma performance espetacular.
Nosso Sonho é produzido pela Urca Filmes, em coprodução com a Riofilme, Telecine e Warner Bros Distributing, com apoio da Globo Filmes e com investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual e BBDTVM.
O filme teve sua estreia internacional em 16 de setembro, no Inffinito Brazilian Film Festival. O próximo evento marcado para a exibição do filme é o Los Angeles Brazilian Film Festival, que acontece de 23 a 26 de outubro. No Brasil, chega aos cinemas nesta quinta-feira, 21 de setembro.