Match Point

de Woody Allen. Com: Jonathan Rhys-Meyers, Scarlett Johansson, Emily Mortimer, Brian Cox, Matthew Goode, Penelope Wilton, Margaret Tyzack, Steve Pemberton, James Nesbitt.

Já fazia um tempo que queria escrever sobre Match Point, um dos meus filmes preferidos do Woody Allen. O filme tem uma história perfeita, sempre inclassificável, e com uma questão cuja resposta pode não ser das mais óbvias: “o que é melhor: ser bom, ou ter sorte?”. Essa é a pergunta que o angustiado protagonista Cris Wilton (Jonathan Rhys-Meyers) se faz logo na cena inicial.

 

Ele tem um passado de sucesso no tênis, mas agora tem que se virar dando aulas a alunos iniciantes. Um desses alunos, Tom (Matthew Goode), se torna seu amigo, e Cris passa a frequentar as altas rodas da sociedade londrina, já que Tom é de uma família bem abastada. Sua irma Chloe (Emily Mortimer) se interessa por Cris, e os dois começam a ter um envolvimento. Até o momento em que Cris conhece Nola. O único problema de Nola é que ela é a Scarlett Johansson!!! E também que ela é noiva de Tom. O que acontece depois já é de se imaginar: Cris fica completamente atraído por Nola (quem não ficaria?!?!?), e a situação se mostra cada vez mais descontrolada. Cris toma atitudes, não muito convencionais, com o objetivo de manter tudo sob controle. Mas pode se arrepender muito delas…


A riqueza dos personagens é notável. Não há uma unidimensionalidade sequer neles. Rhys-Meyers, faz um Cris, cuja índole nunca pode ser dada como certa: não se sabe se ele tem realmente intenções inocentes ao se envolver com Chloe, ou se está se aproveitando da situação para tirar proveiro dela. Ele consegue enganar a moça muito bem, ou é bonzinho mesmo e está vivendo uma maré de sorte? Nunca sabemos. Emily Mortimer, consegue conferir uma doçura incomum a Chloe, e sua insistência na idéia de uma gravidez nunca soa chata. Mas não podemos deixar de perceber a forma como influencia Cris a aceitar a proposta (um convite para trabalhar na empresa de seu pai, e promessas de promoções) , e a forma como o controla o tempo todo. Já Scarlett, dá um show como a femme fatale Nola. No começo demostra ter completo domínio da situação, mas depois se mostra uma perigosa pedra no sapato de Cris, conseguindo contruir uma mulher extremante sensual, que poderia ter o que quisesse, mas ao mesmo tempo, frustrada com sua carreira de atriz, que nunca chega a decolar.

 

A história então, nem se fala! Fazendo referências a todo momento a Crime e Castigo de Dostoievski (obra que Cris lê por ser mesmo inteligente e culto, ou para impressionar o futuro sogro?), Cris está a todo momento atormentado, não sabemos se pela culpa pelo fez, ou se pela eminência de ser descoberto. O final de Allen é diferente do de Dostoievski, o que torna Match Point ainda mais atraente.

 

Atenção à cena inicial, e à rima visual utilizada em certo momento do filme: é o Woddy Allen gênio brincando com o espectador, e na sua melhor forma, nos surpreendendo mais uma vez no final. Ser bom ou ter sorte? O que fazer com a culpa? É muito bom ver Cris se debatendo com tantas dúvidas, e assistir a tudo isso de camarote. Com o toque especial de Woddy Allen. Vale muito a pena!