Quem acompanha sempre os últimos lançamentos de filmes de terror, já deve saber que Espanha e França são dois países responsáveis pelos trabalhos mais interessantes dos últimos tempos. Foi direto da Espanha que REC surgiu, ganhou fama e até mesmo uma versão norte-americana bem capenga. O filme Martyrs do diretor Pascal Laugier, parece ir no caminho oposto e soa como uma versão francesa de O Albergue (de Eli Roth).
A primeira coisa que pode ser dita sobre o longa-metragem, é que ele não deve ser visto por quem tem estômago fraco. Pouco depois da introdução, uma das personagens faz o maior massacre com uma família aparentemente inofensiva. Usando uma espingarda e com muita raiva no coração, Lucie (Mylène Jampanoï) ataca até mesmo o casal de filhos adolescentes, o que mostra o quanto o cinema europeu não se sacrifica para obter uma censura mais abrangente e lucrar mais. Todo mundo sabe que Hollywood faz o possível para que seus filmes tenham a censura mínima e se tratando de filmes de terror, isso é quase inadmissível.
A desculpa para a chacina é justificada com a acusação de que aquela família foi responsável pelo sequestro e tortura da jovem Lucie durante sua infância. Ela nunca conseguiu se recuperar e cresceu atormentada pelos fantasmas do passado. Sua amiga Anna (Morjana Alaoui) tenta ajudá-la, mas acaba se metendo em grandes apuros depois de descobrir que a versão francesa da família Hewitt era apenas uma fachada para um grupo de maníacos em busca de mártires femininas, dispostas a compartilhar a experiência de quase morte.
Apesar de não envolver nenhum tipo de prazer perturbado como os apresentados em O Albergue, a existência de um grupo poderoso liderado por pessoas de alta classe social e que procura encontrar suas respostas mutilando e destruindo vidas acaba se parecendo um pouco com a premissa do roteiro de Eli Roth. Para algumas pessoas a tortura em ambos os filmes é gratuita e visa apenas o “prazer” das personagens, mas a verdade é que certos filmes não são indicados para certos tipos de pessoas. Martyrs é um exemplo.
São três caipirinhas para o filme que consegue ser quase tão violento quanto Frontieres.