O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A Crítica de Les Affamés possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
TENTEI ASSISTIR LES AFFAMÉS DURANTE TODO O ANO PASSADO E FRACASSEI. Depois descobri que a culpa era do meu site “pérola negra” favorito, cujo sistema de busca não é grandes coisas e acabei comendo mosca.
A trama apresenta um grupo de sobreviventes cheio de características particulares que dificilmente seria possível imaginar que aquelas pessoas pudessem desenvolver qualquer tipo de relacionamento, se não fosse durante um apocalipse zumbi em que as pessoas ficam meio malucas, com vontade de morder a carne do cotovelo umas das outras etc.
Aliás, Les Affamés (também conhecido como Ravenous) não é um filme de zumbi convencional. Na verdade, a gente pode até questionar se Les Affamés (clique aqui para assistir ao trailer) é realmente uma obra que fala sobre mortos-vivos do jeito que imaginamos. Lembra um pouquinho aquilo que assistimos (e discutimos) em Extermínio, de Danny Boyle.
As criaturas estão lá com sangue escorrendo da boca, mas se movem apenas quando escutam barulho ou enxergam uma potencial vítima. Ou lanche. Depende do ponto de vista. Às vezes é quase como se elas não se importassem, exceto se sua segurança for colocada em risco.
Existe uma grande questão misteriosa em Les Affamés. Assim como disse, os “zumbis” costumam ignorar certas vítimas. Isso seria aceitável e não precisaria render um comentário, porém… Esses zumbis parecem fazer parte do primeiro coletivo morto-vivo de arte contemporânea da história do cinema. Somente isso explica suas ações de empilhar cadeira em cima de cadeira enquanto se reúnem contemplando a “obra”.
Fora esse detalhe, a gente ainda pode somar um inesperado humor muito bem construído. Um personagem aparece por duas cenas assustando os protagonistas. Numa terceira oportunidade, acaba sendo baleado por uma personagem nervosa por ter que segurar uma arma pela primeira vez. Sei que é errado rir de gente morrendo e tal, mas te desafio a não gargalhar alto quando isso acontece.
Les Affamés combina um pouco de humor sem noção com momentos sombrios de silêncio e reflexão. Esses ingredientes nos ajudam a ter uma experiência única e especial num subgênero em que mudanças são raras e estamos sempre diante produções repetitivas e que sofrem da falta de inventividade.