DIABLO CODY, a famosa roteirista de Juno e Garota Infernal está de volta. Nada melhor que repetir pela segunda vez uma vitoriosa parceria com o cineasta Jason Reitman. Provavelmente a expectativa para repetir o êxito de Juno estava em alta, mas na falta de um rosto bonitinho e alternativo como o de Ellen Page, quem chamar para assumir o papel principal? Claro, uma das mulheres mais sensuais do cinema, afinal, que motivo faria Charlize Theron recusar a protagonista do regular Jovens Adultos?
A comédia corrosiva escrita por Cody apresenta uma mulher solteira e com uma carreira decadente. Completamente perdida entre seu comportamento promíscuo e sem nenhum grande motivo para viver, Mavis Gary (Theron) descobre que um velho amor está feliz e com uma família. A mulher então decide que irá aparecer na cidade, acabar com o casamento do rapaz e voltar para casa muito bem acompanhada de seu amor dos tempos da escola.
O lance de Jovens Adultos é que por maior que seja a sensualidade de Theron, fica meio difícil acreditar na menor possibilidade dela conseguir cumprir o seu objetivo. A graça está justamente em observar o quanto esta mulher é fútil e patética, além de extremamente arrogante e egocêntrica, como se ela fosse de verdade a mulher mais irresistível do pedaço. O ex-amor até fica balançado em um momento ou outro, mas nem vale considerar, pois o cara está sendo assediado pela Charlize Theron, que se veste de maneira provocante, faz insinuações e respira no pescoço dele sempre que tem oportunidade. Digamos que o sangue do sujeito estava concentrado demais em outro lugar estratégico e que impossibilitava uma ação racional.
Longe, mas bem longe de repetir a mágica de Juno, a nova dobradinha de Reitman/Cody oferece bons momentos. Fica fácil ser cativado pela protagonista, ainda que ela seja uma péssima pessoa. Theron está ótima no papel, com olhares fulminantes de menina mimada e que não está acostumada a ouvir muitos “não”, além de desenvolver com sutileza o relacionamento da personagem com sua família, conhecidos e especialmente com as bebidas favoritas da turma do Cinema de Buteco. Mesmo sabendo que é errado (talvez especialmente por isso), acabamos torcendo para que ela consiga roubar o cara da menina sem graça. Só que é inevitável ignorar o quanto o roteiro previsível entrega o jogo. Os defensores podem dizer que é tudo natural, mas o forte de Cody está nos diálogos e não na condução de uma trama. Assim, fica claro, desde a primeira cena, que o velho clichê de se apaixonar por um loser se repetirá. De certa forma.
A trilha sonora revisita os anos 90 e coloca 4 Non Blondes e seu one hit wonder “Whats Up?” na cabeça do público durante a metade inicial do longa-metragem. Uma nostálgica viagem ao tempo e que se explica com o fato da personagem encontrar uma mixtape com canções gravadas na escola e que serviriam para coloca-la em clima de “good times” e preparar a mente para um autêntico retorno ao passado.
Jovens Adultos é interessante, divertido e funciona, da maneira como toda boa comédia deve funcionar. Existem bons momentos, tudo muito organizadinho, desde a queda até a reflexão e a percepção de que existe uma vida melhor para ser explorada. O roteiro de Cody está mais afiado do que nunca, mas nada surpreendente, bem como a parte técnica dos outros envolvidos. Todos são competentes no seu arroz com feijão, só que faltou um tempero diferente para tornar a produção inesquecível, do mesmo jeito que seria se Charlize Theron montasse no seu pescoço e resolvesse fazer sei lá mais o que…
Nota: