Na época da Segunda Guerra Mundial, Jojo (Roman Griffin Davis), um garoto de 10 anos que tem na consciência Hitler (Taika Waititi) como seu amigo imaginário, tem o sonho de participar da Juventude Hitlerista e tentará de tudo pra mostrar seu valor. Mas tudo muda na sua vida quando o segredo de sua mãe (Scarlett Johansson), que esconde uma judia (Thomazin Mckenzie), vem à tona.
Taika Waititi dirige e atua de maneira incrível e compreensível aqui. Ele está disposto a fazer sátira com o Nazismo, o que poderia ter sido um problema, já que ele é judeu. Suas emoções poderiam afetar o filme. No entanto, acontece totalmente o contrário: o filme se leva para uma direção simples, mas com mensagens tão fortes, que o tornam mais interessante e aumentam a vontade de rever, para conferir as mensagens que talvez não conseguimos pegar de primeira.
JoJo
Uma das coisas que mais impressionam sobre o filme é o elenco mirim. O destaque vai para Davis. Ele segura o longa nas costas com sua atuação, e a decisão que a produção toma, ao mostrar tudo acontecendo em sua visão, é um dos maiores méritos do filme. Ele sabe expressar todas as emoções que parecem ser impossíveis para uma criança demonstrar em um roteiro assim. Quando tudo acontece, seja pro lado bom, seja pro lado ruim, nós sentimos o que o protagonista quer nos passar.
Elenco e visual técnico
Os personagens secundários, interpretados por Mckenzie, Waititi, Johansson e Archie Yates), dão um espetáculo de atuação e ajudam o protagonista a desenvolver a sua narrativa.
A fotografia aqui não é algo grandioso. É simples, mas funciona. A palheta de cores usada é impressionante, principalmente por se tratar de uma época tão suja como a Segunda Guerra. Até em cenas que se passam em lugares escuros, há uma cor marrom ou azul para clarear e nos fazer ter uma noção de perspectiva do lugar que estamos explorando. Em uma determinada cena, Waititi mostra que consegue fazer o suspense e a tensão acontecerem. Seria uma deixa pra indicar algum futuro projeto, ou somente sua capacidade de moderar elementos em cena?
Veredito
Jojo Rabbit consegue ser mais uma surpresa de 2019. Um roteiro cativante, que te prende pela simplicidade, deixando-o curioso. Com isso, quando acontece algo diferente, é meio que chocante e até nos toca de um jeito emocional.
Alguns podem achar ofensiva a maneira como a Alemanha é tratada, trazendo polêmicas semelhantes às de Primavera Para Hitler (Mel Brooks) e Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino), mas a mensagem que o diretor quer passar não é somente a de uma sátira; é uma forte lição de amor. Uma produção regulada e tocante, que tem muitas chances de ser um dos destaques do Oscar 2020.