De Carlos Saldanha. Com as vozes de Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Leslie Mann, Rodrigo Santoro, Jamie Fox, Bebel Gilberto e Will.i.am
Atualmente existem dois tipos de animação (pelo menos no que se refere ao mercado hollywoodiano): aquelas voltadas para o público infantil, e aquelas que embora não reneguem sua natural tendência em agradar este público busquem uma maior maturidade em suas histórias e personagens. A parceria Disney/Pixar tem tido a supremacia quando se trata do segundo caso; Rio, novo longa do diretor brasileiro Carlos Saldanha (que já havia co-dirigido Robôs e as sequencias de Era do Gelo), encaixa-se no primeiro. Isso de certa forma não representa demérito algum para a produção em questão, mas negar a necessidade que se impõe com o sucesso alcançado pelos filmes desta “segunda categoria” acaba sendo frustrante: a evolução das técnicas de animação digitais são visíveis, mas as histórias resumem-se apenas em sequencias de desafios a se transpor. A ação bem conduzida passa a ser o mote, e não a história.
No caso de Rio, a história em questão é a de Blu, arara azul que levada de seu habitat natural (o Rio de Janeiro) quando filhote por uma gangue de contrabandistas de animais silvestres, acaba conhecendo Linda em Minnesota, com quem passa a viver até que quando já adultos, os dois conhecem Túlio, um atrapalhado ornitólogo que pretende levar Blu de volta à sua terra natal, para que junto com a última arara azul fêmea Jade, possam salvar a espécie. O problema é que Blu estava totalmente acostumado com este novo estilo de vida, que em nada lembra o ambiente selvagem que vivia quando pequeno. Blu não sabe sequer voar. É com certa resistência que Linda decide seguir os conselhos de Túlio e leva seu amigo arara para o Brasil. E novamente Blu está em perigo, agora juntamente com Linda, já que são espécies valiosíssimas no mercado de aves raras. A confusão começa.
Contando com um cuidadoso design de produção, Rio logo em sua sequência de abertura nos apresenta a este mundo colorido e feliz que a capital carioca passará a representar a partir de então, sob a direção de Saldanha. Não deixa de ser interessante (ou um quase exercício de nacionalismo), perceber que as características do Rio de Janeiro estão lá, para além dos estereótipos (ainda que estes existam em certa medida): o calçadão de Copacabana, com os quiosques, praias, samba (a trilha sonora ficou sob supervisão de Sergio Mendes), bossa nova, alguns toques de funk e carnaval. A favela também é mostrada, e é lá que estão os criminosos responsáveis pela perseguição das aves (temos até aliciamento de menores para o crime!), e é inegável que a cena em que vemos a favela com a bela paisagem do Cristo Redentor ao fundo, torna-se ainda mais real que qualquer cartão postal. O uso do 3D nunca é gratuito, principalmente nas sequencias onde há neve, ou confetes carnavalescos (e na seqüência da asa delta, principalmente). Bons momentos de humor e lições de como superar os medos estão também na fórmula de Rio.
Mas não é nada que já não tenhamos visto em outras produções do gênero. Rio não é um filme ruim, está longe disso. Mas também não é um novo clássico do gênero. É no máximo uma boa seção da tarde.
isso aqui ôô…