de Zach Braff. Com Zach Braff, Natalie Portman, Peter Sarsgaard, Ian Holm.
Logo no começo de Hora de Voltar, estréia na direção de Zach Braff (que até então só era conhecido por seu personagem em Scrubs, a série), temos a sensação de que estamos prestes a assistir a um filme que pretende ser mais do que é; que segue às típicas fórmulas dos filmes cool – entende-se trilha, enquadramentos, movimentos de câmera, montagem e personagens cool; que pretende nada mais que se enquadrar em determinado seguimento do cinema, e agradar determinado público, tornando-se “a nova sensação do momento” (na época de seu lançamento, Braff foi considerado o Woody Allen de seu tempo!).
Mas nada disso se sustentaria, se não houvesse uma história que realmente convencesse. Que emocionasse e fizesse rir em poucos segundos, sem soar forçado. Daí percebemos que todas aquelas características que ele possui estão lá de fato, mas são naturais e necessárias para que o resultado final seja satisfatório.
O filme conta a história de Largeman (Braff), que ficou durante um bom tempo afastado da família e acaba voltado à sua cidade natal, depois de receber a notícia do falecimento de sua mãe. Ao voltar, reencontra o pai distante (Holm), o amigo de infância Mark (Sarsgaard) e conhece uma garota muito espontânea, Sam (Portman), que mudará a forma como ele vê o mundo.
Repleto de situações e falas engraçadas e inteligentes (“nossa! eu não acredito que você não é retardado!”, “ele parece com um castor molhado”, “você acabou de presenciar um momento completamente original da história”, “as vezes eu gosto de ser medíocre; eu durmo melhor”, poderia falar um monte, que ainda restariam inúmeras!!) o grande trunfo do filme é causar emoções no espectador de uma forma leve, sem grandes momentos de catarse, ou algo do tipo. Acompanhamos histórias sempre tristes por trás de todo o humor, mas nem por isto inverossímeis. Todos tem seus dramas, embora optem por continuar vivendo a vida e convivendo com eles.
Não entendemos por exemplo, o distanciamento de Largeman com relação a sua família (sua reação ao receber a notícia da morte de sua mãe, impressiona), mas, na medida em que a história se desenrola, compreendemos suas motivações, e torcemos para que consiga sair daquela situação de insatisfação com a vida que leva, e ao mesmo tempo, de incapacidade de demonstrar emoções (mesmo que involuntária).
O elenco também oferece ótimas performances: Braff consegue personalizar uma figura incapaz de sentir emoções, sem ser frio e sem graça; Natalie está quase irreconhecível como a jovem Sam, sempre feliz e impulsiva, embora esconda uma tristeza constante, e Saarsgard como o frustrado Mark, que é pressionado pela mãe a ser “alguém na vida”, mas se sente incapaz de corresponder a isso.
Apesar dos acertos, o final deixa um pouco a desejar. Considerando que, se durante todo o filme, a proposta foi ser realista, o desfecho excessivamente romântico, acaba sendo um tanto contraditório. Mas nada que comprometa o resultado final.
Um bom filme, que deixa a sensação de que (parafraseando a personagem de Portman) é melhor rir de nós mesmos e da vida; não se levar muito a sério: assim temos a sensação de que a vida passa mais rápido. Assim estaremos mais aptos a explorar o abismo infinito que ela representa!!