Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro

Homens e mulheres podem ser amigos? O que as mulheres querem de verdade? E os homens? O que faz um relacionamento durar? Harry e Sally, dois jovens de Chicago que se mudam para Nova York, são confrontados com estas e outras questões durante “Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro”, uma das comédias mais atemporais da história dos filmes românticos. Tanto que figura, até hoje, entre os melhores do gênero. Afinal, não é todo dia que se assiste a uma boa cena de orgasmo fingido.
“Harry e Sally” não é dirigido por Nora Ephron, mas bem que poderia. Naquela época, nos idos de 1989, ela já trabalhava como roteirista, mas ainda não dirigia. Nem por isso a talentosa escritora deixou de imprimir no roteiro os traços que, na década seguinte, a definiriam como diretora.
Para começar, temos Meg Ryan, que já foi a protagonista perfeita das comédias românticas. Ao seu lado, Billy Cristal, o tipo de leading man que Ephron adora: não é o mais bonito, mas charmoso, inteligente, engraçado. Ao fundo, Nova York, em toda a sua glória. Para costurar esses elementos, “Harry e Sally” se transforma num delicioso bate-papo sobre relacionamentos, amadurecimento, amizade e felicidade.
Aliás, bons diálogos, daqueles que te envolvem e lhe fazem sentir parte da conversa, (não deveriam ser, mas) são raros no mundo do cinema. Poucos roteiristas conseguem essa façanha, especialmente na terra das comédias românticas, em que metade do tempo é gasta com clichês, e a outra metade… bem, também.
Ao invés disso, Harry e Sally parecem reais. Eles podem até te lembrar alguém que conhece, porque são personagens com nuances e profundidade. Diferentemente da maioria dos casais que vemos no cinema, eles são racionais, cheios de defeitos e carregam consigo uma bagagem emocional de anos de relacionamentos fracassados. Talvez seja essa pitada de realismo que faz de “Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro” uma comédia deliciosa.
São quatro caipirinhas, bem generosas.